Opinião

Opinião - José Richard

Pesquisas apontam que poluição na Baía de Guanabara atingiu níveis alarmantes


Por José Richard

04/10/2019 - Edição 1957

Uma pesquisa divulgada recentemente, realizado em parceria por especialistas de três universidades: Unesp, UFF e UFRJ, revelou que é já é uma tragédia a poluição da Baia de Guanabara. A alta concentração de metais pesados em sedimentos, microcrustáceos e moluscos coletados em cinco locais diferentes confirmam que a situação é alarmante.

De acordo com a pesquisa, o tratamento inadequado dos resíduos produzidos pelas indústrias localizadas no entorno da Baía, junto com a atividade portuária e o esgoto urbano são as principais fontes de contaminação e impactam severamente o ambiente marinho.

O resultado da pesquisa, publicado em setembro, pelo jornal O Globo constatou grande presença de chumbo, zinco, cobre e cromo nas águas da Baía e representam forte ameaça aos organismos aquáticos. Segundo os especialistas, o perigo vai além do ambiente marinho e pode ter consequências perigosas para a saúde humana.

No lado norte e oeste da Ilha do Governador, na foz do Rio Meriti, cujas águas estão próximas à nossa orla, a concentração de cromo ultrapassou os níveis de segurança e se tornou potencialmente cancerígeno. Ali a quantidade de zinco também é grande e supera em oito vezes o padrão. Já perto da foz do Rio Iguaçu, que deságua pelos lados de Caxias, lado oposto a Tubiacanga, a quantidade de chumbo e zinco também apresentaram toxicidade elevadíssimas. Estamos cercados.

Esses metais, segundo os técnicos, podem prejudicar os organismos marinhos. Apesar disso, diversas espécies de peixes sobrevivem, inclusive tainha e sardinha. O mais preocupante, segundo os especialistas que realizaram a pesquisa, é que essa poluição marinha também pode afetar os seres humanos que involuntariamente consomem pescado contaminado. Os prejuízos à saúde humana são graves e podem ser neurológicos e até alterar o sistema hormonal.