Coluna da Aceig

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O aeroporto e a Ilha


Por Wagner Victer

15/10/2021 - Edição 2063

Estima-se que 60% dos empregos no Aeroporto Internacional do Galeão, especialmente na área de serviços, derivam de moradores do bairro da Ilha do Governador. Portanto, o esvaziamento do Aeroporto tem impactos significativos na renda do bairro e em uma série de atividades, especialmente na logística de acesso.  

O esvaziamento do Galeão, fruto da crise econômica que vivemos, agravada pela pandemia, e especialmente pela inexplicável modelagem de concessão do Aeroporto Santos Dumont, em vias de ser praticada pelo Governo Federal, ameaça a sobrevivência dessa unidade, que, aliás, é uma operação privada feita por um grupo de Singapura que opera o Aeroporto mais moderno do mundo e que portanto não é um amador na condução desses sistemas. 

Assim, é evidente que a transferência contínua de voos, inclusive internacionais, para o Aeroporto Santos Dumont, e agora a absurda modelagem que se faz para sua concessão no próximo ano, ameaça efetivamente a sobrevivência do Galeão colocando mais em risco essa unidade e consequentemente com impactos extremamente nocivos para a economia Fluminense, especialmente para a Ilha do Governador. 

A Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, ALERJ, e o Governo do Estado, fizeram um esforço recente reduzindo o ICMS do querosene de aviação para uma alíquota diferenciada e inferior a que é praticada no Santos Dumont, o que tem feito com que muitas rotas de partidas e chegadas comecem voltar a migrar para o Galeão, mas isso não é o bastante diante de outras intervenções necessárias e que logicamente só serão possíveis caso o Santos Dumont em sua modelagem fique vinculado à realização somente de voos regionais, especialmente na ponte Rio/São Paulo e aviação executiva, o que aliás sempre foi a vocação desse Aeroporto, inclusive pelo seu tamanho de pista e o impacto que se tem em toda região da cabeceira da pista. 

Portanto, conhecer o movimento de união das diversas esferas políticas em prol da sobrevivência do Galeão, em uma visão coordenada de ações voltadas para preservação e até fortalecimento do Aeroporto Internacional, é fundamental, pois naquela unidade já se teve mais de 20 mil empregos diretos e hoje o nível de empregos indiretos é muito abaixo de 10 mil. Para cada emprego direto, cerca de cinco empregos indiretos são gerados na operação do Galeão, o que desdobra inclusive para setores comerciais, de lazer e alimentação da própria Ilha do Governador. 

Com o esvaziamento do Estaleiro Ilha Eisa, antigo Emaq, e agora com o esvaziamento do Galeão, a Ilha do Governador perde dois dos maiores pontos de geração de atividades econômicas dentro do bairro e isso, se não for revertido, trará reflexos em diversas áreas, inclusive na economia da região e nos aspectos sociais. 

Texto produzido pelo engenheiro insulano Wagner Victer, especialmente para a Associação Comercial da Ilha do Governador