Opinião

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15/08/2014 - Edição 1689

As estatísticas passaram a ser usadas para a avaliação de ações públicas de modo curioso. É incrível que os números possam ser usados como simples ferramenta de marketing, ou pior, sirvam para inibir serviços essenciais apenas para melhorar o desempenho nas estatísticas. Em três temas: lazer, saúde e segurança, a necessidade de atingir metas assustam. Falta bom senso.   A ciclovia pintada nas ruas da Ilha são ridículas e sua existência serve para fazer da cidade do Rio de Janeiro a capital mundial com a maior extensão de ciclovias. Na Praia da Bica, as ciclofaixas na rua de mão dupla, são criminosas. A pintura vermelha nas laterais sugere que dois ônibus, lado a lado, possam ainda dar espaço para que bicicletas trafeguem sem serem atropeladas. É um absurdo!    No hospital de emergência Evandro Freire a preocupação é manter baixa a estatística de mortes. Embora tenha sido construído para salvar vidas e tenha equipamentos de última geração para isso, leitos são negados a pacientes que só teriam chances de sobreviver se ocupassem leitos de UTI. Mas ter esses pacientes internados é um risco e pode prejudicar as estatísticas no caso de morte. A desculpa é a regulagem.   Por outro lado, na polícia, o comando estabelece metas mensais para a quantidade de assaltos, roubos e assassinatos, entre outros crimes. Coisa que os gabinetes planejam para exigir resultados, como se fosse possível criar limites de ações criminosas por estatísticas.   Se a meta é cinco assassinatos no mês é para comemorar quando quatro pessoas são mortas?  Vejo tudo ao contrário. As ciclovias deveriam ser só em locais que nossos filhos pudessem circular sem disputar espaço com os carros e ônibus. O nosso hospital deveria internar doentes em qualquer estágio e usar sempre todos os recursos e equipamentos para salvar vidas.   Já a polícia tinha que ter mais agentes e viaturas nas ruas. A simples presença inibe a ação dos bandidos.  É preciso trocar os números frios das estatísticas burocráticas pelo amor à população. joserichard@uol.com.br