Enferrujando nas águas da Baía de Guanabara, três navios são o símbolo da crise que quebrou o Estaleiro Eisa. Os navios fazem parte de encomendas ao estaleiro, que por falta de pagamento ou quebra de contrato, tiveram a construção suspensa, gerando prejuízos sem precedentes para o estaleiro. Atualmente a empresa, passa por recuperação judicial e tenta se reerguer.
11/10/2018 - Edição 1906
Enferrujando nas águas da Baía de Guanabara, três navios são o símbolo da crise que quebrou o Estaleiro Eisa. Os navios fazem parte de encomendas ao estaleiro, que por falta de pagamento ou quebra de contrato, tiveram a construção suspensa, gerando prejuízos sem precedentes para o estaleiro. Atualmente a empresa, passa por recuperação judicial e tenta se reerguer.
Uma das embarcações é o Abreu e Lima, encomendado pela companhia petroleira estatal venezuelana PDVSA, lançado ao mar em 2009 para a instalação dos últimos equipamentos e acabamentos final. Entretanto com a crise na Venezuela, ainda no governo de Hugo Chaves, os pagamentos foram suspensos e o gigante de 182 metros de comprimento e capacidade para transportar 340 mil barris de derivados de petróleo, não saiu do lugar.
Outro navio abandonado é o porta-contêiner Jequitibá, encomendado pela empresa brasileira Log-in com 218,45m de comprimento e 38 mil toneladas de porte bruto. A empresa cancelou o contrato após o estaleiro entrar em processo de recuperação judicial. O navio está ancorado aguardando comprador.
O recorde de espera é de um navio de cor cinza, ainda sem nome e inacabado. A embarcação teria sido encomendado pela empresa Frota Oceânica Brasileira, que não atua mais no Brasil e está no local há mais de 20 anos. A empresa fez o pedido usando o banco BNDES como financiadora, mas parou de pagar e o navio passou para o banco que também não pagou. No dia 25 de setembro deste ano, a embarcação foi a leilão e o comprador deve dar um destino à embarcação nos próximos meses.
Segundo o consultor da Eisa, Milton Branquinho, a empresa aguarda a mudança de governo na expectativa de novas políticas públicas que incentivem e ajudem a aquecer o mercado da construção naval. A empresa precisa de novas encomendas para pagar suas dívidas trabalhistas e, quem sabe, recontratar os mais de três mil funcionários que foram demitidos.
Os navios seguem no local, acumulando água parada e preocupando moradores do entorno, que os apelidaram de Sucatão. Na tempestade de 15 de fevereiro deste ano, as três embarcações se soltaram e ficaram à deriva, sendo resgatas por rebocadores da empresa.
Aos antigos funcionários sobra a esperança que um dia recebam seus direitos e que até consigam voltar a trabalhar na empresa. Boa parte eram moradores da região e com o encerramento das atividades do estaleiro foi gerado um impacto negativo na economia da região.