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Poluição arrasa praias insulanas

Faltando pouco menos de dez meses para o início das olimpíadas no Rio de Janeiro o cenário que se vê na Baía de Guanabara é desolador. A quantidade de lixo que diariamente chega às águas da Baía é assustadora, sobretudo o lixo flutuante. São objetos de plástico, madeira, borracha, garrafas e até carcaças de animais.


09/10/2015 - Edição 1749

Risco de doenças é iminente devido ao lixo que chega à Praia Belo Jardim
Risco de doenças é iminente devido ao lixo que chega à Praia Belo Jardim
Faltando pouco menos de dez meses para o início das olimpíadas no Rio de Janeiro o cenário que se vê na Baía de Guanabara é desolador.  A quantidade de lixo que diariamente chega às águas da Baía é assustadora, sobretudo o lixo flutuante. São objetos de plástico, madeira, borracha, garrafas e até carcaças de animais. A Ilha sofre de maneira contundente com essa poluição. De acordo com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), todas as praias pertencentes à região estão contaminadas com níveis altíssimos de enterococos, micro-organismos em sua maioria de origem fecal humana. Segundo os pesquisadores do Inea o lixo que chega à região é proveniente principalmente do rio Faria-Timbó, que corta vários bairros do subúrbio carioca e deságua no Canal do Cunha, que é altamente poluído e desemboca na Baía de Guanabara. Esse lixo chega à Ilha através das correntes marinhas e é depositado nas praias insulanas.  Além dos rios Faria-Timbó e do Canal do Cunha, outros rios também contribuem para a degradação das praias da Ilha, como os rio Irajá, que recebe uma grande carga de esgoto de quase toda zona norte carioca e o rio Meriti, que divide os municípios de Duque de Caxias e São João de Meriti. Esses rios recebem uma quantidade brutal de esgoto que também chega até a Baía de Guanabara. Outro fator apontado pelo Inea que contribui com a poluição das praias insulanas é a questão de estarem localizadas em regiões longe do canal onde as marés renovam com mais intensidade as águas. O pescador César Mello, 69, morador de Tubiacanga, diz que não consegue mais viver da pesca. — Os peixes sumiram. É raro pescar um robalo ou uma garoupa. Lembro que nas décadas de 80 e 90 tínhamos fartura destas espécies. Hoje é só lixo — lamenta o velho pescador. Na tentativa de minimizar o problema a Secretaria Estadual de Ambiente (SEA) retomou no mês de julho o projeto dos ecobarcos que recolhem lixo das águas da Baía. Em março o projeto parou por falta de pagamento do governo estadual às empresas que operavam o projeto. Nas duas últimas décadas, mais de R$ 10 bilhões foram investidos na despoluição da Baía de Guanabara, mas, diante do aumento da poluição, a constatação é que todo  esse dinheiro foi jogado fora.