Aeronáutica desocupa casas na Rádio Sonda

As 102 famílias da comunidade conhecida como Radio Sonda, situada no Galeão, estão desesperadas. Uma ordem judicial da União determina que as famílias sejam removidas daquela área por se tratar de espaço Federal. A comunidade existe há aproximadamente 60 anos e os moradores garantem que não têm para onde ir. Na quinta (2), militares da Aeronáutica desocuparam o imóvel que pertencia ao técnico de edificações da engenharia civil, Silvio de Souza Ramos. Silvio diz que não recebeu nenhuma notificação que teria que desocupar o imóvel. — Na manhã do dia dois de julho o pelotão de infantaria da aeronáutica chegou com um documento judicial determinando que eu e minha família deveríamos sair imediatamente da nossa casa. Ficamos constrangidos porque em frente a minha casa estavam soldados armados com fuzis, cães, além do apoio da Polícia Militar— diz o técnico de edificações, que buscou auxílio em casa de parentes na Região dos Lagos. No mesmo dia a família de Eliana Claudia de Jesus também ficou desabrigada. Eliana morava com a filha menor de idade e um irmão portador de necessidades especiais na casa 244 que foi demolida. “Não tenho para onde ir, não tenho condições financeiras de pagar um aluguel e sustentar minha família. Moro aqui há 43 anos e estou sendo tratada como um lixo. A aeronáutica simplesmente chegou aqui com sua tropa e mandou sair de dentro da casa e passaram com o trator por cima”, desabafou Eliana. Na manhã de quarta (8) outros moradores receberam a notificação que deveriam sair imediatamente de suas casas, pois elas também seriam demolidas. Foi o caso do moto-taxista Alexsander de Avelar que mora na Rádio Sonda há 30 anos. “Hoje fui acordado por militares da aeronáutica que mandaram tirar meus móveis porque minha casa seria demolida. Minha esposa está em estado de choque. Não temos para onde ir, não sei o que vai ser da nossa vida agora”, lamentou Alexsander. Segundo o Prefeito de Aeronáutica do Galeão, Coronel Fernando Oliveira, o terreno onde existe a comunidade é da União. — Temos o registro daquelas terras na Secretaria de Patrimônio da União. As ações estão sendo tomadas por força de lei e esse processo corre desde 1998. Desconheço qualquer autorização dada pelo Comando da Aeronáutica para a construção daquelas casas — disse o Coronel, destacando que a área é estratégica para as unidades militares existentes no bairro do Galeão.