Notícias

Paulo Amargoso completa 92 anos

Paulo Amargoso é o único fundador vivo da União da Ilha. Há 62 anos ele e mais três amigos: Maurício Gazelle, Joaquim Lara de Oliveira (Quincas) e Orphilo Bastos fundaram a escola que atualmente desfila no Grupo Especial e é uma das grandes do carnaval carioca.


26/06/2015 - Edição 1734

O sambista também tem o título de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro
O sambista também tem o título de Cidadão Benemérito do Rio de Janeiro
Paulo Amargoso é o único fundador vivo da União da Ilha. Há 62 anos ele e mais três amigos: Maurício Gazelle, Joaquim Lara de Oliveira (Quincas) e Orphilo Bastos fundaram a escola que atualmente desfila no Grupo Especial e é uma das grandes do carnaval carioca. Recentemente, no dia 11 de junho, Paulo Amargoso completou 92 anos e recebeu honrarias de diversos expoentes do mundo do samba além de uma festa muito animada, regada a samba, churrasco e cerveja. Merece, afinal ele também é parte da história da Ilha. Amargoso tem o título de presidente de honra da União e diz que muita coisa mudou no mundo do samba. Ele tem dúvidas se foi para melhor. — Os carnavais de antigamente exigiam muito mais amor e dedicação dos representantes das escolas de samba. Primeiro que o samba era marginalizado, então, só se metia nisso quem era do ramo. Hoje em dia você vê um monte de interesseiros querendo aparecer às custas de quem trabalhou, suou, foi preso e sofreu diversos tipos de preconceito — diz o fundador da União. Outra percepção do baluarte é com relação ao andamento dos sambas atuais. “Hoje em dia o que às escolas de samba fazem não é samba, é algo parecido com samba. A cadência está muito rápida e quase não se entende a letra”, opina Paulo. Saudosista, Amargoso diz que o carnaval que mais marcou sua vida foi o de 1977, cujo enredo era “Domingo”.  — Esse samba reúne letra e melodia impecáveis. A União da Ilha tinha uma ala de compositores invejável. Didi, Leôncio, Mestrinho, Jorge Cavalhada, Waldyr da Vala, Aurinho, Aroldo Melodia, entre outros bambas — comenta. Segundo o presidente de honra da União estas mais de seis décadas vivenciando a cultura do samba ele conquistou muitos amigos e destaca alguns. “Muitos já morreram, mas não faz mal, já que estou tendo oportunidade de falar quero lembrar deles. Fui muito amigo do doutor Castor de Andrade, um homem íntegro demais. Osmar Valença, do Salgueiro; Argemiro Garcia, homem forte também do Salgueiro; Carlinhos Maracanã, Anísio Abraão David, Luís Pacheco Drumond, entre outras grandes personalidades que tive a honra de ser amigo e sou até hoje porque alguns ainda estão vivos”, diz Amargoso que dos 62 desfiles feitos pela União só não participou de dois porque, segundo ele, estava aborrecido com politicagens na agremiação. Entre alegrias e tristezas, o experiente sambista, que já pensa na festa dos 93 anos, diz que teve muito mais motivos para sorrir do que para se lamentar na vida e na União da Ilha que ajudou a fundar. Amargoso diz que gostaria que Deus lhe permitisse ver um dia a sua agremiação campeã do carnaval.