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Mudanças agradam as construtoras

Moro na Ilha desde meus cinco anos de idade é onde cresci e fui educado e onde mora minha mãe. Ou seja, não mudei para Barra como muitos fizeram. Desde jovem sempre participei das mobilizações populares lutando por melhoras para o bairro e devo dizer que em muitas conquistas que tivemos tive o orgulho de participar ativamente.


26/06/2015 - Edição 1734

Moro na Ilha desde meus cinco anos de idade é onde cresci e fui educado e onde mora minha mãe. Ou seja, não mudei para Barra como muitos fizeram. Desde jovem sempre participei das mobilizações populares lutando por melhoras para o bairro e devo dizer que em muitas conquistas que tivemos tive o orgulho de participar ativamente. A discussão de modificações urbanísticas é legítima, pois sempre existem algumas modificações de zoneamento necessárias para adaptação de áreas comerciais em bairros residenciais, porém tais adaptações podem ser feitas de maneiras tópicas e não alterando completamente um PEU. Aliás, se pensarmos bem, nunca houve qualquer demanda por estas alterações pela população da Ilha. Mas então de onde vem o clamor de mudar o PEU da Ilha? Esta resposta é, a meu ver, clara: da especulação imobiliária e das construtoras locais que querem mudar as regras construtivas para viabilizar seus negócios. Tais pleitos poderiam ser até legítimos, se não estivessem travestidos por argumentos fúteis, em especial pelos efeitos que serão catastróficos para a população insulana no médio e longo prazo. Estou preocupado com as modificação no PEU. A possibilidade da criação de vilas sem sequer terem vagas de garagem ou a criação, da malfadada área ZRM4 que passa em diversos bairros como Tauá, Freguesia, Ribeira, Moneró e Jardim Guanabara sem a limitação do critério de adensamento que sempre tivemos, — que limitava a construção de uma unidade somente a cada 100m² de lote —, vamos ter um “boom” de derrubada de casas  antigas para a construção de unidades multifamiliares de baixa metragem (padrão Minha Casa Minha Vida), o que poderá trazer um aumento populacional de dezenas de milhares de novos moradores e veículos trafegando no bairro gerando um colapso ainda maior no trânsito e em outras áreas. Da mesma forma o novo PEU consolida o bairro de Tubiacanga como um bairro passível de retirada pela expansão do Aeroporto Internacional não cumprindo (tal qual os critérios de adensamentos) os compromissos firmados na audiência pública de transformar o bairro como uma Área de Especial Interesse Urbanístico. A boa técnica da engenharia, aliada inclusive a ética profissional é somente agir em temas impactantes do ponto de vista social e ambiental a partir de estudos técnicos aprovados e discutidos com a população e não há evidência de que foram feitos, pois foram cobrados durante as audiências públicas e não foram apresentados e por essa razão tenho como cidadão e engenheiro me posicionado contra tais inexplicáveis mudanças. (Wagner Victer é engenheiro e morador da Ilha)