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Cracudos chegam à Ilha, dormem nas calçadas e população está temerosa

Nesta semana os dependentes de crack que após a pacificação do Complexo de Manguinhos e do Jacarezinho migraram para a entrada da Ilha, têm sido vistos também pelas ruas centrais da Ilha. Os moradores antes se sentiam chocados com as cenas que assistiam na entrada pela Avenida Brasil, se dizem agora inseguros com a presença de alguns dormindo ou abordando pessoas, principalmente pela Portuguesa.


01/11/2012 - Edição 1596

Nas proximidades da passarela ou na entrada dos bancos, viciados deixam os moradores inseguros
Nas proximidades da passarela ou na entrada dos bancos, viciados deixam os moradores inseguros

 

O efeito da nova cracolândia que se formou em um dos acessos à Ilha do Governador, na Avenida Brigadeiro Trompowski, já começou a ser percebido nas ruas da região. Nas últimas semanas, homens e mulheres maltrapilhos são vistos perambulando ou dormindo nas calçadas da Portuguesa, principalmente nas imediações da passarela.  Segundo relatos, alguns têm abordado passantes para pedir dinheiro, tentam embarcar pela porta de trás dos ônibus ou são vistos fazendo necessidades fisiológicas na rua. No último domingo (28), funcionários da loja Americanas, da Rua Luiz Belart, ficaram com receio de assaltos devido a insistência de alguns em permanecer no interior da loja. A cena triste que se tornou cotidiana na entrada da Ilha tem causado horror e medo na população que chega à região. A estudante Janaína de Melo conta que passa pelo local todos os dias e se choca com as cenas que presencia.  – Fico horrorizada e triste vendo mulheres grávidas se drogando e em meio a tanto lixo. Isso, fora o medo que dá quando eles atravessam a rua e se jogam em cima de qualquer carro. É um constrangimento estar chegando à nossa Ilha e ter esse tipo de recepção. Lamentável para aqueles seres humanos e para gente, já que a prefeitura ainda não sabe o que fazer com eles. Com a pacificação do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, que está ocupada pelos policiais desde o dia 14 de outubro, os dependentes de crack que ocupavam esses espaços migraram de forma devastadora pela Avenida Brasil. A prefeitura tem feito ações de recolhimento, mas como o pedido da internação compulsória (à revelia) foi julgado como ilegal pelo Ministério Público, ainda não há uma solução para o problema.  Pela manhã e à noite, os motoristas de ônibus, que querem deixar os passageiros no ponto em frente à loja Casa Show têm dificuldades de bloquear a entrada deles pela porta de trás.  – Na segunda de manhã eu até desisti de pegar um ônibus e optei por uma van no ponto da Casa Show porque tinham vários grupos entrando pela porta de trás. Fiquei com medo de que eles me assaltassem caso embarcasse. Alguns motoristas estavam parando bem mais adiante para tentar despistá-los, mas estava difícil. Fiquei com a impressão de que eles tinham dormido aqui e estavam tentando voltar para lá. Eles estavam com uma aparência péssima e um deles até urinou sem nenhuma cerimônia na calçada – relata Vânia Teixeira, que mora na Portuguesa. A maioria dos que são vistos pelos bairros dormem nas portas dos bancos e embaixo da passarela. “Fico com pena, sei que estão morrendo de fome e sede, mas ao mesmo tempo temo pelos assaltos que eles possam fazer para conseguir dinheiro para comprar a droga É uma situação terrível e acho que se eles resolverem migrar de vez para dentro do bairro, ficaremos completamente acuados”, comenta a vendedora Sônia, que mora no Moneró.