03/02/2012 - Edição 1557
De segunda a sexta, a União da Ilha cede o espaço do samba para se transformar em um ringue de boxe. Com luvas e protetor bucal, crianças e adolescentes aprendem as técnicas de defesa e ataque do esporte e com o rosto atrás dos punhos e joelhos dobrados, pensam em se tornar profissionais. A iniciativa é do projeto social "Boxe e Chão" que usa parte do estacionamento da quadra da União para as aulas da escolinha. Responsável pelo treino, o professor Carlos Augusto de Mello, conhecido como Mistura, já colhe os frutos do trabalho: "Através das aulas já conseguimos afastar jovens do tráfico e o objetivo é esse, oferecer lazer e disciplina", diz.
O professor conta que o projeto começou no Dendê há 15 anos e já passou por clubes como o Jequiá e o Esporte Clube Cocotá. Na quadra da União, as aulas acontecem há três meses, das 19h as 21h. "As vezes saio daqui quase meia noite, tirando dúvidas. É muito bom ver o interesse deles", diz Mistura que é faixa preta de luta livre e trabalha como segurança da União da Ilha há quatro anos.
O clima das aulas é mesmo de uma academia de boxe: saco de pancada no meio e os atletas se revezando entre pular corda, praticar golpes e trabalhar a movimentação da luta. A turma é mista e com uma faixa etária ampla, que começa a partir dos cinco anos de idade.
– Não exigo de uma criança de cinco anos, o mesmo que cobro de uma com mais de dez. Para os pequenos as aulas são em clima de brincadeira. Coloco-os sempre ao lado de um mais velho para servir de espelho para os movimentos dele, que com o tempo vai aprendendo a postura e os golpes – explica Mistura, que conta com a ajuda de dois alunos antigos que agora são instrutores: Fabrício Pereira e Franklin Duarte.
Fabrício treina há quatro anos e chegou a participar de campeonatos. Para ele, as aulas são boas para manter o condicionamento físico e incentivar os mais novos a praticar uma atividade que faça bem. "Hoje em dia não viso mais competições e sim ajudar a garotada que muitas vezes não pratica atividade por falta de oportunidade", comenta Fabrício.
A estudante Júlia Simplício de 14 anos começou a fazer as aulas há uma semana e já está craque em pular corda. "Começo a usar as luvas na semana que vem e estou ansiosa", conta. Júlia trouxe os irmãos Guilherme, de cinco, e João Pedro, de 11 anos. Há um mês no treino, Diego Jesus de Almeida, de 21 anos, também está empolgado. "Quando eu não posso vir, fico agoniado. Já aprendi muitas técnicas e quando erro, o professor me mostra o jeito certo", diz Diego que mora na Colônia.
Com cerca de 40 alunos, o professor Mistura ainda abre vagas para quem quiser participar. "É só vir com boa disposição e vontade de aprender", dá a dica. Mais detalhes: 3396-8169.