30/12/2011 - Edição 1552
A folia vai tomar conta das ruas da Ribeira no último dia do ano. Com concentração às 10h em frente ao quiosque Prainha Lanches, na Praia da Engenhoca, o bloco das piranhas "Clandestinas da Engenhoca" comemora o ano novo com irreverência, com o desfile que já se tornou tradição no bairro. Único bloco a desfilar na cidade no dia 31, este ano o Clandestinas traz mais uma novidade: o concurso de fantasias para eleger a piranha mais original. "Vamos colocar um tapete em frente ao Planeta da Ribeira para servir de passarela para os candidatos e vai ter premiação", brinca Ronald Pennaforte, puxador e organizador do bloco.
O bloco surgiu de uma partida de futebol que acontecia todo dia 31 de dezembro na areia da Engenhoca. Para tornar a pelada mais divertida, um grupo de amigos se vestia com roupas de mulher para jogar.
– Eu sempre fui envolvido com samba, desde criança já desfilava na ala infantil da União da Ilha. Depois da pelada rolava uma batucada e com o tempo começamos a desfilar pela praia. Com a brincadeira, surgiu mais gente para participar. Só que depois do futebol, as fantasias ficavam todas desgrenhadas e a gente queria oficializar o bloco que estava ficando conhecido. Há mais de dez anos que o futebol ficou de lado e a gente passou a se reunir só para batucar e desfilar – conta Ronald que é comissário de bordo e integrante da Ala dos Compositores da União da Ilha.
O samba-enredo e o nome oficial do bloco surgiram há 12 anos. "A letra retrata todo mundo que participa e no refrão colocamos que tem piranha de todo tipo até clandestina e foi daí que apareceu o nome do bloco. Eu, mestre Riquinho e nosso amigo Pardal que escrevemos e virou o nosso hino", explica Ronald que se intitula "desorganizador do bloco".
– Decidimos tudo na hora. O pessoal que vai tocar na bateria vai chegando com instrumentos e se juntando, para contribuir com as bebidas a gente junta dinheiro na hora e conta com o apoio do Quiosque Prainha Lanches e do Planeta da Ribeira. Durante anos eu peguei emprestado algumas alegorias da União da Ilha e trazia para os desfiles, já tivemos um bugre velho funcionado como alegoria das loucas e escolhemos uma rainha pro bloco no dia. É por isso que eu falo que sou mais desorganizador que organizador. O importante é comemorar o ano que passou com alegria – diz.
O clima pode ser de bagunça na hora do desfile, mas quem participa leva o bloco a sério e tem gente que até confecciona a fantasia. Augusto César Divino desfila no bloco há mais de dez anos e um mês antes do grande dia já começa a confeccionar sua fantasia. "Ano passado desfilei de Cleópatra e foi o maior sucesso do bloco.Esse ano a minha fantasia é secreta, quero ganhar o concurso", diz empolgado. Nesses quase 20 anos de existência, o "Clandestinas da Engenhoca" também já foi cenário para histórias de amor. Alexandre Reis conta que começou a namorar sua esposa Jeanne Soares há quatro anos durante o desfile. "A gente já se conhecia, mas ainda não tinha rolado nada, no dia do desfile foi que tudo começou e agora trazemos nossa filha de um ano e oito meses junto com a gente", diz Alexandre que no ano passado desfilou de Mulher Maravilha.
E se engana quem pensa que o bloco só reúne homens. "Com tantos anos de história, hoje em dia trazemos nossas esposas e filhos e por onde passamos mais pessoas se juntam a nós. A ideia é comemorar o último dia do ano com alto astral e alegria e nada melhor que o carnaval para representar isso. As crianças adoram ver os homens fantasiados, as mulheres se divertem e nos ajudam com a maquiagem e toda a produção. O clima é de paz e diversão", garante Ronald.