02/12/2011 - Edição 1548
Com quase 200 quilos, Clara Maria Samary Cruz tenta há sete anos uma cirurgia de redução de estômago pelo SUS. Moradora da Colônia Z-10. Ela está com muitas dificuldades para se locomover, fazer as atividades domésticas e até coisas simples como tomar banho, deitar e se ajeitar na cama são movimentos complicados para Clara. Aos 59 anos, sempre lutou contra a balança através de dietas, mas não teve sucesso. Com 1,63 m de altura, ela sofre com problemas de saúde decorrentes da obesidade. Humilde, pede por ajuda, urgente.
Sem familiares vivos, Clara conta com a ajuda de sua ex-cunhada para sobreviver. Nildinha paga o aluguel de R$ 400 da sua casa com quarto, sala, cozinha e banheiro e sempre que pode colabora com outras necessidades de Clara. "Trabalhei durante vários anos como acompanhante da mãe de Nildinha, que morava em um apartamento no Jardim Guanabara. Quando a mãe faleceu, Nildinha continuou me ajudando e alugou há três anos, essa casinha aqui na Colônia para mim", explica. Com a aposentadoria de um salário mínimo (R$ 545), Clara paga o plano de saúde no valor de R$ 226 e gasta em média de R$ 150 com remédios para as fortes dores que sente nos joelhos e o problema com a falta de ar, sofrimentos ocasionados pelo excesso de peso.
Clara procurou ajuda no Hospital Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, para entrar no programa de Cirurgia Bariátrica e realizar o procedimento de redução do estômago. Na época pesava 160 quilos.
– A primeira ida ao hospital foi há sete anos, comecei a frequentar as reuniões do programa com nutricionistas, psicológos e até com os médicos que realizam a operação. Assinava os livros em cada visita, mas nunca consegui abrir um prontuário médico ou fazer um exame qualquer. Foi uma decepção. Nessa época ainda conseguia pegar o ônibus ou uma kombi. Hoje em dia tenho muita dificuldade de locomoção e não consigo mais dar impulso para subir os degraus do ônibus ou entrar na kombi – conta Clara que em casa só consegue realizar atividades sentada e, atualmente, para ficar em pé e andar precisa do auxílio de um andador.
Na Colônia, Clara conta com a ajuda de vizinhos, que se tornaram amigos e todos os dias fazem uma visita para saber se ela precisa de alguma coisa. "Acordo e deixo a porta sempre aberta, eles vêm aqui me procurar, me ajudar com algum serviço em casa e conversar, saber se estou bem. Para que eu possa ver um pouquinho a rua, me ajudam a botar uma cadeira do lado de fora", diz. Clara lembra que desde a infância sofria com o excesso de peso e tentou muitas vezes emagrecer. "Desde criança que sofro com este problema. Acho que é da minha genética.
De acordo com Clara, até o ano passado, pelo SUS, além do Hospital do Fundão somente o Hospital de Ipanema realizava a cirurgia de redução do estômago. Com mais de três mil inscritos em cada hospital, os pacientes demoram até oito anos na fila de espera pela operação. Na rede privada, a cirurgia custa de R$ 20 mil a R$ 30 mil, mais os gastos com os exames pós-operatórios com visitas mensais a endocrinologista, nutricionista, psicólogo, além dos gastos com cirurgias plásticas.
Após a entrevista com Clara, a reportagem procurou a secretaria estadual de Saúde que informou ao Ilha Notícias que vai encaminhar Clara para o novo programa de cirurgia de redução de estômago do Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes. De acordo com a secretaria, para conseguir uma avaliação médica, a paciente será encaminhada a um posto de saúde municipal. Os médicos nesses locais estão aptos a indicar a operação pelo SUS no Hospital Carlos Chagas. A secretaria de Saúde garantiu que se o caso de Clara for de obesidade mórbida e ela estiver em condições de saúde para realizar a operação, os procedimentos de cirurgia serão realizados com rapidez, sem fila de espera.
O Ilha Notícias vai acompanhar Clara em todas as etapas e espera em pouco tempo noticiar a realização da cirurgia e o início de uma nova vida para Clara.