União da Ilha

No barracão, o show de costureiras, pintores e artistas

Quem vê aquela multidão colorida e bem barulhenta na Marquês de Sapucaí, acompanhada por enormes e luxuosos carros alegóricos, pode não fazer ideia de que por trás desse espetáculo existe uma outra multidão, trabalhadora, silenciosa e, sobretudo, anônima, que habita o enorme barracão da União da Ilha na Cidade do Samba. É neste lugar de muito trabalho, que a escola dá vida ao projeto desenvolvido pelo carnavalesco Severo Luzardo e a imaginação toma forma de folia.


18/01/2019 - Edição 1920

A costureira Tânia Lucia
A costureira Tânia Lucia
Quem vê aquela multidão colorida e bem barulhenta na Marquês de Sapucaí, acompanhada por enormes e luxuosos carros alegóricos, pode não fazer ideia de que por trás desse espetáculo existe uma outra multidão, trabalhadora, silenciosa e, sobretudo, anônima, que habita o enorme barracão da União da Ilha na Cidade do Samba. É neste lugar de muito trabalho, que a escola dá vida ao projeto desenvolvido pelo carnavalesco Severo Luzardo e a imaginação toma forma de folia.  Como é o caso da costureira Tânia, do pintor Cássio e do escultor Adson, cada um com sua história de amor dedicada à agremiação insulana e que são peças chaves do quebra-cabeça para que a União da Ilha consiga executar um belo desfile e arranque suspiros na Marques de Sapucaí. Há 45 anos, Tânia Lucia de 59 anos começou a escrever a sua história com a agremiação através da sua família que fez parte da fundação. Durante todos esses anos ela passou por componente, harmonia, secretaria, costureira, departamento feminino, chefe de ala e até cozinheira para preparar almoços e feijoadas na quadra destinadas a arrecadar fundos para escola. São anos de dedicação em diversos setores da escola, mas ela conta que a sua paixão mesmo é trabalhar no barracão com costura.   -Neste ano estamos com tudo no tempo certo, não temos muito dinheiro, mas estamos fazendo tanto, que parece milagre. O trabalho no barracão está a todo vapor com mais de 90% das fantasias prontas e tenho certeza que faremos um ótimo carnaval - contou Tânia, emocionada.  Na pintura, o responsável pela equipe de cinco pessoas, é o Cássio de 46 anos. Ele conta que chegou na escola há 10 anos, quando a escola retornou ao grupo especial, junto com a carnavalesca Rosa Magalhães e nunca mais saiu. Especializado em pintura artesã há 30 anos, Cássio tem grande responsabilidade no barracão, quando o carnavalesco desenvolve um projeto, ele faz as pinturas piloto e depois sua equipe copia.   Cássio diz que os carnavais “Mistério da Vida” e “É brinquedo é brincadeira a Ilha vai levantar poeira” marcara, a sua vida e que um dos principais desafios dele na escola foi em 2010 quando a escola retornou ao especial, ressaltando a dificuldade de fazer um carnaval que a mantivesse no especial, e com muito trabalho, conseguiu.   Vindo de Parintins, o responsável pelos movimentos das esculturas é o Adson Amazonas, que está na escola há 11 anos. Ele conta que foi convidado pelo antigo diretor de carnaval, Marcio André, para fazer parte da equipe do barracão da Ilha. Ele solda, corta, reveste e dá vida em esculturas enormes. Entre os trabalhos realizados na escola, ressalta enorme alegoria de aranha que pegou fogo em 2011. Ele conta que ela tinha movimentos perfeitos e que se orgulhava do que tinha sido produzido, mas infelizmente o fogo acabou danificando.   Em 2018, Adson foi convidado por uma escola de samba em Salvador, na Bahia, para fazer o primeiro carro que tinha movimentos, no carnaval da cidade.