Gente da Ilha

Catito prefere pescar piraúna na Baía

O galo nem sonhou em cantar e Francisco Roberto já está com o material de pesca dentro do barco e os remos nas mãos para navegar pelas águas da Baía de Guanabara, sempre por perto da orla da Ilha do Governador, em busca do sustento da família. Ele sai de madrugada e volta à noite quase sempre com o barco cheio de peixes. Catito, como é conhecido, é pescador experiente e vive há 50 anos da pesca comercial.


15/02/2019 - Edição 1924

O galo nem sonhou em cantar e Francisco Roberto já está com o material de pesca dentro do barco e os remos nas mãos para navegar pelas águas da Baía de Guanabara, sempre por perto da orla da Ilha do Governador, em busca do sustento da família. Ele sai de madrugada e volta à noite quase sempre com o barco cheio de peixes. Catito, como é conhecido, é pescador experiente e vive há 50 anos da pesca comercial. Nascido e criado na Ilha, Catito mora no morro do Boogie Woogie desde os primeiros dias de vida. A vocação para a pesca herdou do pai Francisco, que lhe transmitiu o conhecimento, a prática e os segredos do tempo de pescador de jangada na Areia Branca, no Rio Grande do Norte.  — Comecei a pescar com oito anos pelos ensinamentos do meu pai. Embora ele não quisesse que eu seguisse esse caminho de pescador, acabei me apaixonando pela atividade e logo aos nove anos pegava o barco e remava com dois chinelos na mão pela baía no barco que meu próprio pai deu.  Não demorou muito para Catito tornar a pesca a sua profissão. Ele dedicou 15 anos da vida em mar aberto, embarcado e conhecendo o Brasil pelo mar. Na Baía de Guanabara conhece praticamente todas as localidades, mas mesmo assim diz que ainda se surpreende com a grande biodiversidade apesar da poluição.  — Lembro que antigamente quando não existia isopor e saco plástico, não tínhamos tanta poluição. Hoje a questão da falta de disciplina das pessoas atrapalha muito, mas mesmo assim, apesar da baía com todos os problemas, as águas ainda conseguem dar condições para a reprodução de peixes. A natureza é magnífica — diz Catito.  Catito prefere a piraúna, peixe raro, mas de maior valor e que pode ser encontrado em maior quantidade debaixo da Ponte Rio-Niterói. Como pescador profissional, ele pesca, limpa e entrega em domicílio em diversos bairros da Ilha. Os clientes viraram grandes amigos e confiam na qualidade dos produtos que entregue.  Com vasta experiência na profissão, Catito, serve como mentor e inspiração para outros jovens que querem aprender os segredos da pesca que também ensinou aos três filhos: Robson Roberto, 42, Alex Roberto, 29 e Jonathan Roberto, 23. E é Jonathan, o filho caçula, que mais ajuda o pai nas pescarias e principalmente nas entregas em domicílio.  Catito garante que vai continuar pescando até Deus permitir. O maior sonho é comprar um barco motorizado para facilitar as idas e vindas pelas águas da Baía de Guanabara. Pessoa afável e de caráter, está sempre disposto a ajudar ao próximo, por isso, o insulano Francisco Catito é um exemplo de amigo e trabalhador. É gente da Ilha!