Gente da Ilha

Dublê de Antônio Fagundes é da Ilha

Quem gosta de ouvir uma boa história, sem dúvidas, se tornaria amigo do insulano Jorge Salles. Morador da Tauá, Jorge tem uma interessante trajetória de vida que o tornam um personagem diferente no cotidiano insulano. Já aposentado, Jorge Salles (66) é dublê do ator Antônio Fagundes e já foi militar, bancário, taxista e até árbitro de futebol. Reúne competência, profissionalismo e, é claro, boas histórias para contar.


13/07/2018 - Edição 1893

Carisma e bom papo são marcas de Jorge que coleciona muitas histórias
Carisma e bom papo são marcas de Jorge que coleciona muitas histórias
Quem gosta de ouvir uma boa história, sem dúvidas, se tornaria amigo do insulano Jorge Salles. Morador da Tauá, Jorge tem uma interessante trajetória de vida que o tornam um personagem diferente no cotidiano insulano. Já aposentado, Jorge Salles (66) é dublê do ator Antônio Fagundes e já foi militar, bancário, taxista e até árbitro de futebol. Reúne competência, profissionalismo e, é claro, boas histórias para contar.  Nascido em Blumenau, Santa Catarina, Jorge Salles viveu a infância com algumas dificuldades ao lado dos seis irmãos e dos pais Francisco Salles e Edite Oliveira. Como a maioria das crianças, carregava o sonho de ser jogador de futebol. Tentou, mas a concorrência era grande e não deu certo.  Aos 18 anos se tornou soldado da Polícia do Exército e pela primeira vez saiu de Blumenau transferido para o Rio de Janeiro. No quartel, na Tijuca, fez diversos amigos, mas a estada foi pouca e, em um ano deu baixa. Só voltou ao Rio em 1972, sem destino, para tentar melhor sorte na vida. Sem rumo, Jorge chegou a dormir ao relento da Praça Saens Pena. Até que um “amigo de farda”, ofereceu apoio e lhe arrumou um emprego como ajudante na Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC). Foi com esse trabalho, que o catarinense conseguiu se estabilizar no Rio de Janeiro e conheceu a namorada que o apresentou à Ilha do Governador.  Em 1973, chegou a Ilha, e daqui nunca mais saiu, e nem pretende. Virou bancário e, paralelo a este trabalho, apaixonado por futebol, se aventurou na profissão de árbitro de futebol contratado pela Federação do Rio. Apitou diversos jogos amadores, de divisões de base e do campeonato carioca na década de 80. Sua última atuação foi em 1994, na partida entre Flamengo e Serrano, no Maracanã.  — A carreira de árbitro foi difícil e logo no começo quase abandonei. Fui apitar um jogo amador em Santa Cruz e o coro comeu quando um cidadão na torcida puxou um revólver. A sorte é que a confusão não tinha nada a ver comigo e fugi pela tangente — brincou Jorge, que adotou uma “mãe” nas partidas que apitava. Dizia que a mãe se chamava Olivia Palito e poderia ser xingada a vontade. Em 1983, Jorge começou a trabalhar de taxista. Durante o exercício dessa profissão reuniu diversas histórias. Lembra de quando transportava o cantor Renato Russo, fundador da banda de rock Legião Urbana, da Rua Maraú, 56, na Freguesia, para o Centro do Rio. Durante o bate-papo com o cantor, lembra de uma frase dita por Renato: “Esse Brasil não tem jeito, eu vou ter que me candidatar a presidente para endireitar esse país”. Jorge é conhecido como Fagundes pela grande semelhança com o ator Antônio Fagundes, da Rede Globo. Isso lhe rendeu papéis como dublê em diversas novelas de sucesso, como “Tempos Modernos”, “Amor a Vida”, “Velho Chico” e “Gabriela”, entre tantas outras. — Já fui confundido várias vezes, inclusive na própria gravação. O ator Cauã Reimond,chegou a me chamar de Antonio Fagundes. O verdadeiro que estava por perto, quando percebeu o equívoco, caiu na gargalhada. No táxi, uma passageira achou que estava participando de uma pegadinha com o ator. São fatos engraçados que levo pela vida com alegria — conta Jorge.  Jorge Salles, ou Fagundes, é um insulano boa praça. Casado há 20 anos com Nelma e tem dois filhos: Daniele Salles e Eduardo Salles, além de dois netinhos: Felipe e Mariana Salles. É um bom amigo e está sempre feliz. É gente da Ilha.