Gente da Ilha

A União da Ilha é a paixão do casal

O carnaval está chegando e para o casal Altair da Silva e Benedita Ilda é tempo de festa e de se preparar para curtir o desfile da União da Ilha. Casados há 65 anos, eles têm uma forte ligação com a história da escola insulana até os dias de hoje. Altair faz parte do grupo de fundadores da União, enquanto Benedita é chefe das alas das baianas.


02/02/2018 - Edição 1870

A simpatia de Altair e Bené conquista a admiração dos integrantes da escola
A simpatia de Altair e Bené conquista a admiração dos integrantes da escola
O carnaval está chegando e para o casal Altair da Silva e Benedita Ilda é tempo de festa e de se preparar para curtir o desfile da União da Ilha. Casados há 65 anos, eles têm uma forte ligação com a história da escola insulana até os dias de hoje. Altair faz parte do grupo de fundadores da União, enquanto Benedita é chefe das alas das baianas.   Altair, no auge da vida com seus 86 anos, mora desde sua infância na Ilha, revezando entre os bairros do Guarabu e Portuguesa. Embora tivesse o sonho de ser jogador de futebol, trabalhou a vida toda como pedreiro até se aposentar como funcionário de obras do Banco do Brasil.   Já Benedita, ou Tia Bené, como é carinhosamente conhecida, é baiana e chegou a Ilha aos 19 anos de idade, em 1949, com toda a família.   Tão logo em terras insulanas, apaixonada por futebol, ela foi acompanhar um jogo amador do União, um time de amigos do Cacuia, e lá se encantou por Altair e começou a namorar. O matrimônio do casal não demorou. Com a ameaça da família de Tia Bené de voltar para Salvador, Altair não perdeu tempo e pediu a mão dela em casamento.   — Eu não tive opção. Ou eu pedia em casamento, ou perderia o amor da minha vida. Embora pressionado, não pensei duas vezes e fiz o convite a Benedita para se casar comigo. No fim acabou que a família dela ficou no Rio.    Eles se casaram em 1952 e, um ano depois, com a participação de Altair, seria fundada no Cacuia a União da Ilha, escola que marcaria a história de vida do casal. Tia Bené conta que a partir daquele momento, eles vivem intensamente a escola. As recordações são muitas, desde as dificuldades do início, depois dos sambas marcantes até a União se tornar a grande escola que é hoje.    — No começo era difícil. O dinheiro era escasso, mas o amor e a superação para ver a escola bonita desfilando no Centro da cidade não tinha preço. Na falta de sapato, chegamos até passar cal no pé. Recordo também das dificuldades para levar os carros alegóricos da Freguesia até o local do desfile à pé. Teve um ano que o tema era sobre os índios e o adereço em cima do carro, ao passar pela ponte da Ilha, o vento levou nosso índio para o fundo da Baía — contou Tia Bené.    O samba “Domingo”, de 1977, emociona até hoje o casal. Para eles foi o desfile mais lindo da União da Ilha e que mais os orgulhou pelo enredo e pelas dificuldades durante o ano. Altair, que hoje é um dos diretores da Velha Guarda, lembra da superação naquele ano e das conversas que teve com Benedita para o desfile sair perfeito.    — Todos ajudaram. Cada um fez sua parte e foi neste ano que percebi o quanto poderia contar com a Tia Bené.    Bené e Altair tem dois filhos, Washington Santana, 64 e Wellington da Silva, 62. O casal é católico e, além da União, são torcedores do Flamengo. Costumam ouvir os jogos do rubro-negro juntos no radinho de pilha da cozinha. Tia Bené é uma torcedora apaixonada por futebol e chegou a dirigir o time Esperança, formado por moradores do Jardim Guanabara.    Entretanto, nada supera o amor pela União. Ver a União da Ilha campeã do carnaval seria a realização na vida do casal. “A União da Ilha hoje é nosso patrimônio. Pode não ser nas papeladas, mas em nossos corações temos a escola como uma pessoa da família. Seria o sonho das nossas vidas, é difícil, mas a vontade e a esperança continuam firmes”.   O casal é querido e respeitado por todos os segmentos da escola, passistas e integrantes os reverenciam pela história de amor à União. A dupla jamais faltou um desfile da União e se depender deles nunca faltarão. É pela paixão por tudo que fazem que são admirados. Um belo e grande exemplo de amor e paixão pela União da Ilha