Gente da Ilha

O professor Luiz Bicudo é 10

Luiz Fernando é conhecido pelos alunos do Colégio Paranapuã como professor Bicudo e é muito querido, principalmente por quem já o teve como mestre. Professor de matemática, Bicudo, segundo seus alunos, tem a capacidade incrível de tornar os mais difíceis problemas matemáticos em contas simples.


18/08/2017 - Edição 1846

Luiz Fernando foi aluno do Colégio Paranapuã e atualmente é professor na instituição há mais de 30 anos
Luiz Fernando foi aluno do Colégio Paranapuã e atualmente é professor na instituição há mais de 30 anos
Luiz Fernando é conhecido pelos alunos do Colégio Paranapuã como  professor Bicudo e é muito querido, principalmente por quem já o teve como mestre. Professor de matemática, Bicudo, segundo seus alunos, tem a capacidade incrível de tornar os mais difíceis problemas matemáticos em contas simples.   Carioca da gema, Bicudo nasceu no Méier, e logo aos dois anos veio morar na Ilha. Filho de Leda Martins e Ezio de Oliveira, a quem guarda o melhor sentimento do mundo pelos exemplos der caráter, ensinamento que moldou sua personalidade e o fez ser o cidadão que é hoje. Emocionado ao falar do pai, Bicudo relembra que teve uma infância bem pobre, mas recorda do esforço do pai, já falecido, que trabalhava muito para que nada faltasse, principalmente na alimentação e para os seus estudos. “É difícil eu falar do meu pai, porque eu não consigo me controlar. Ele lutou demais para garantir o meu futuro e dos meus outros irmãos.” — Lembro-me de um fato que me marca até hoje. Um dia, aos quatro anos, assustado, acordei a minha mãe e perguntei quem era o homem que estava deitado com ela. E ela chorando me disse: é teu pai. Nós não tínhamos contato com ele, porque acordava às 5h e só voltava 1h do dia seguinte, trabalhando em três empregos para nos sustentar — disse Bicudo muito emocionado. Luiz Fernando diz que desde pequeno já percebia a sua vocação para professor. Aplicado, só tirava boas notas como aluno do Paranapuã que funcionava no antigo prédio da Freguesia. O fato despertou o interesse do professor Edgard, que é diretor do colégio até hoje, principalmente pela boa didática do jovem Bicudo ao tirar dúvidas dos colegas. Ainda bem novo, foi convidado a dar aulas para diversas turmas de preparatório, no próprio colégio.  O que poucos sabem é que Bicudo um dia já foi policial civil. Durou só três meses na profissão. Discordou de algumas atitudes e formas de trabalho e largou o emprego para focar na missão de ensinar. Foi o tempo de se formar em matemática na UFRJ e, a partir dai, não mudou mais de profissão e nem de colégio.  Bicudo é professor exclusivo do Colégio Paranapuã, um dos colégios mais respeitados da região, e durante mais de 30 anos de magistério diz ter muitas histórias interessantes para contar e da alegria em ter muitos ex-alunos, que com a sua ajuda, ingressaram no Colégio Naval, na EPCAR, além de diversas faculdades. Ele lembra, por exemplo, o caso do Chambinho, um garoto que chegou à porta do colégio pedindo para fazer faxina na escola e em troca queria estudar na escola. — Aquela atitude comoveu a mim e ao diretor Edgard que decidiu oferecer uma bolsa integral para que ele pudesse ter a oportunidade de estudar e realizar o sonho de se tornar um oficial militar. Chambinho tinha talento e muita disposição e conseguiu ser um dos primeiros colocados na prova do Colégio Naval. “Eu adotei” aquele moleque e hoje tenho muito orgulho dele.  Bicudo sempre gostou de esportes, principalmente do vôlei, e busca manter uma vida saudável caminhando todos os dias pela manhã na Praia da Bica. A esposa, Gleice Luce e filha Caroline são seus alicerces e os bens mais valiosos da vida. Determinado a continuar ajudando a formar cidadãos, Bicudo valoriza a sua profissão e conta com um imenso grupo de amigos, sobretudo aqueles que foram seus alunos no Colégio Paranapuã. O professor Bicudo é 10, e um exemplo de como a carreira do magistério pode ser gratificante.