Gente da Ilha

Um exemplo de superação

Aos 49 anos de idade o guardador de carros Claudecir dos Santos, nascido e criado na Ilha é, acima de tudo, um homem de fé. Morador da Rua Catugi, no Jardim Carioca, ele ganha seu sustento há mais de trinta anos, trabalhando de segunda a sábado nas imediações da Rua Antônio Nascimento, no Jardim Guanabara. Aos domingos, reforça o orçamento em frente ao antigo Bob’s, tomando conta de veículos.


04/09/2015 - Edição 1744

Claudecir trabalha tomando conta de carros nas ruas desde 18 anos de idade
Claudecir trabalha tomando conta de carros nas ruas desde 18 anos de idade
Aos 49 anos de idade o guardador de carros Claudecir dos Santos, nascido e criado na Ilha é, acima de tudo, um homem de fé. Morador da Rua Catugi, no Jardim Carioca, ele ganha seu sustento há mais de trinta anos, trabalhando de segunda a sábado nas imediações da Rua Antônio Nascimento, no Jardim Guanabara. Aos domingos, reforça o orçamento em frente ao antigo Bob’s, tomando conta de veículos. Aos 10 meses de vida Claudecir caiu do berço e bateu com a cabeça, fato que deixou sequelas irreversíveis em sua vida. Sua mão esquerda atrofiou e ele tem dificuldades de locomoção, além disso, sua fala ficou comprometida. E mesmo com limitações o insulano, que usa um apito como instrumento de trabalho, não se queixa da vida e segue seu destino honestamente. — Gosto de trabalhar aqui no Jardim Guanabara. Os moradores da localidade me respeitam e são gentis comigo. Alguns colaboram com meu café da manhã, outros, com o meu almoço e tem alguns que me dão presentes de natal. Fico feliz pela consideração destas pessoas — fala Claudecir, que tem uma única lamentação acerca de seu trabalho.  —Tem vezes que me sinto desrespeitado por alguns Guardas Municipais. Eles chegam aqui e fazem a fiscalização dos carros que estão estacionados de forma irregular. Entendo que trabalham certo, mas alguns me culpam pelas irregularidades e eu tento explicar que não tenho culpa. São os motoristas de fora da região que insistem em estacionar em locais proibidos. Alguns chegam a me ofender e são preconceituosos. Mas aprendi na minha vida a não guardar mágoas — diz o guardador de carros.   Claudecir tem sonhos, e garante que é um homem de fé. “Peço a Deus que me ajude a conseguir um local para morar. Gostaria de ter uma casa minha. Atualmente resido com cinco familiares, mas meu sonho é ter um cantinho só meu. Me sentiria muito melhor”, diz esperançoso. Ele fala com carinho da afilhada Andressa Paola de 14 anos, a quem chama carinhosamente de “minha neguinha”.  — Eu amo essa menina. Recebo muita atenção dela, e digo com toda verdade que há em meu coração, que é a pessoa mais importante em minha vida — diz emocionado Claudecir dos Santos, um homem que não se entregou em face das adversidades impostas pela vida e que ganha honestamente o pão de cada dia com dignidade e perseverança.