Gente da Ilha

Insulano de coração e padre por vocação

Ele tem a fala mansa e pausada e um sotaque conhecido no Brasil como “portunhol”, que seria a fusão do português com o espanhol. Isso porque ele nasceu na Espanha, na cidade de Santander. Recentemente completou 70 anos de idade e, há 46, segue com grande devoção o ofício de ser padre. Aos 11 anos, Carlos Gomez Saez foi para o seminário em Barcelona e, após ser ordenado padre, se tornou professor do seminário onde estudou. E lá ficou durante 15 anos. Sua chegada ao Brasil, em 1986, se deu por conta de um amigo que também era padre em São Paulo.


29/05/2015 - Edição 1730

Padre Carlos: 20 anos na Ilha
Padre Carlos: 20 anos na Ilha
Ele tem a fala mansa e pausada e um sotaque conhecido no Brasil como “portunhol”, que seria a fusão do português com o espanhol. Isso porque ele nasceu na Espanha, na cidade de Santander. Recentemente completou 70 anos de idade e, há 46, segue com grande devoção o ofício de ser padre.   Aos 11 anos, Carlos Gomez Saez foi para o seminário em Barcelona e, após ser ordenado padre, se tornou professor do seminário onde estudou. E lá ficou durante 15 anos. Sua chegada ao Brasil, em 1986, se deu por conta de um amigo que também era padre em São Paulo. — Esse amigo escreveu-me uma carta convidando para trabalhar no Brasil. Inicialmente não dei atenção. Passado pouco tempo recebi outra carta deste padre e tomei a decisão de dar continuidade em meus trabalhos pastorais em São Paulo – disse Carlos, que se dedicou ao episcopado durante sete anos na “terra da garoa”. Em 1993, o Bispo Dom Eugênio Salles determinou que o padre Carlos Gomez fosse para o Rio de Janeiro. Inicialmente, o pároco trabalhou em uma igreja na Barra da Tijuca, Paróquia São Francisco de Paula. Dois anos depois, por nova determinação de Dom Eugênio, o padre veio cumprir sua missão na Paróquia Sagrada Família, na Ribeira. — Admiro muito a Ilha, é uma região com natureza exuberante. Sinto-me privilegiado em morar no alto do Morro do Ouro, onde é possível avistar cordilheiras, o mar, pássaros voando próximo de nossas cabeças e uma grande área verde  — comenta o padre que reside em um anexo à igreja e não tem ninguém de sua família no Brasil.  De acordo com o sacerdote, ele já fez centenas de batizados, casamentos e primeiras comunhões. Realiza aos fins de semana sete missas, duas no sábado e cinco no domingo e tem um desafio que é levantar uma igreja em um terreno na Ribeira, que já está comprado pela paróquia Sagrada Família.  "Compramos um terreno que fica na Rua Augusto dos Anjos, na Ribeira, e tenho rezado muito para construirmos uma igreja maior do que esta que temos aqui no Morro do Ouro", explica Carlos Gomez, enfatizando que não pretende mais sair da Ilha. “Construí fortes laços com a paróquia e com a região. Em 2011, recebi o título de cidadão carioca pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Estou ambientado e feliz em estar aqui”, disse padre Carlos, que lamenta apenas a onda de violência que vem crescendo não só na região, mas em todo Estado do Rio. E o experiente padre não para, movido por uma intensa vontade de colaborar com o próximo, Carlos Gomez está programando dar continuidade em um projeto da arquidiocese, que é visitar as famílias em suas próprias casas e levar a palavra confortante de Jesus Cristo aos fiéis.  Além disso, quer também retomar a pastoral do futebol para crianças de 8 a 12 anos, além da campanha de alimentos que mantém desde o início de sua vida sacerdotal. 

 

— Peço que os irmãos que podem doar alimentos aos mais necessitados, que o façam. Precisamos colaborar com os mais carentes e a fome ainda existe e assola muitas famílias — concluiu Padre Carlos, que deixou também uma mensagem cristã: “Entrega-se a Deus pois Deus nunca se deixa vencer em generosidade”.