Gente da Ilha

Trabalho, carisma e balinhas de coco

Nascida e criada na Ilha do Governador, Tatiana de Oliveira dos Santos Ferreira, de 25 anos, trabalha há 15 anos vendendo balas de coco em frente ao Colégio Thales de Mileto, no Cocotá. Tatiana, ou simplesmente “Tati”, como é gentilmente tratada por alunos e motoristas de kombis que diariamente compram suas balas.


07/11/2014 - Edição 1701

Tatiana se tornou conhecida pela qualidade e sabor das balinhas de coco
Tatiana se tornou conhecida pela qualidade e sabor das balinhas de coco
Nascida e criada na Ilha do Governador, Tatiana de Oliveira dos Santos Ferreira, de 25 anos, trabalha há 15 anos vendendo balas de coco em frente ao Colégio Thales de Mileto, no Cocotá. Tatiana, ou simplesmente “Tati”, como é gentilmente tratada por alunos e motoristas de kombis que diariamente compram suas balas.   Tatiana conta que por necessidade de aumentar a renda familiar, sua mãe, Nelira dos Santos, que era diarista, resolveu vender balas de coco caseiras. O negócio deu tão certo que dona Nelira deixou de fazer faxinas e passou a se dedicar à venda de balas. Tatiana que sempre foi muito observadora, aprendeu a fazer as balinhas e passou a acompanhar a mãe nas vendas diárias. Atualmente, dona Nelira está afastada e dedica seu tempo integralmente para cuidar do netinho de um ano e oito meses, filho de “Tati”.   Moradora do Dendê, Tatiana é casada com Niltemberg Oliveira que também trabalha com a venda informal de sacolés. “Há nove anos colocamos o sacolé para vender junto com as balas de coco no Cocotá. Eu fico em frente ao Thales e meu marido vende no Cacuia e as vezes na Portuguesa – explica a vendedora.   Enquanto Tatiana era entrevistada, muitos alunos e clientes passavam e a cumprimentavam, e ela sempre sorridente e atenciosa, retribuía com um aceno.   — Graças a Deus eu fiquei bem conhecida na Ilha, ultimamente tenho recebido encomendas para festas de moradores que conheci aqui no dia a dia. E eles são muito carinhosos comigo. Têm alguns que compram e só pagam no final do mês – diz a vendedora.   Tatiana confessa que nem tudo foram flores nestes tempo trabalhando com as balinhas. Teve dias que ela precisou correr da Guarda Municipal, nas famosas operações “choque de ordem”, promovidas pela Prefeitura. “Teve uma vez que eu fiquei muito triste. Tive que correr para não perder minhas balas e meus sacolés, mas tinha um moço que era idoso e com problema de visão. Os guardas vieram com truculência e um moço caiu no chão e se machucou. O rosto dele sangrava muito, e ele ficou se batendo no chão, acho que teve um ataque epilético e eu fiquei muito nervosa. Foi o pior dia de todos que eu já vivi aqui – comenta a Tatiana, que está tentando legalizar sua situação como ambulante junto a Prefeitura.   Perguntada sobre projetos e sonhos, Tati respondeu rápido: “Quero comprar uma casa maior para meu filho crescer com um pouco mais de conforto, quero dar a ele o que infelizmente eu não tive, e se Deus quiser, vai ser aqui na Ilha”, comentou. E entre acenos, sorrisos, abraços e muito trabalho, Tatiana vai conduzindo sua vida com honestidade e decência, legado que ela quer deixar para o filho.