Gente da Ilha

Mistura incentiva o esporte no Dendê

Conhecido na região pelo apelido “Mistura”, Carlos Augusto da Silva Mello, de 36 anos, mora na comunidade do Dendê desde que nasceu. A presença do esporte sempre marcou sua vida e o insulano conta que passou a infância praticando futebol na ACM, onde a mãe Lucia Maria trabalhou por muitos anos. Na adolescência, o envolvimento com brigas em bailes funks, foi a motivação que o levou às artes marciais.


31/01/2014 - Edição 1661

Mistura é exemplo de que o esporte pode mudar vidas
Mistura é exemplo de que o esporte pode mudar vidas
Conhecido na região pelo apelido “Mistura”, Carlos Augusto da Silva Mello, de 36 anos, mora na comunidade do Dendê desde que nasceu. A presença do esporte sempre marcou sua vida e o insulano conta que passou a infância praticando futebol na ACM, onde a mãe Lucia Maria trabalhou por muitos anos. Na adolescência, o envolvimento com brigas em bailes funks, foi a motivação que o levou às artes marciais.   Contudo, o contato com a filosofia do esporte mudou completamente os seus objetivos. Tornou-se faixa preta de luta livre e azul no jiu-jitsu, além de instrutor de Muay Thay e boxe. De brigão de festas, passou a ser chefe de segurança da Escola de Samba União da Ilha e, com vontade de ensinar o que aprendeu, comanda, há mais de 10 anos, um projeto na comunidade com aulas para crianças, jovens e adultos.   Para Carlos, conquistar habilidade com as técnicas das artes marciais não foi uma tarefa fácil. Ele começou os treinos na academia J. Soares, no Cocotá, aos 19 anos, e comenta as dificuldades.   – Eu apanhava muito e, todos os dias, as aulas me deixam quebrado. Mesmo assim, eu continuava muito interessado e o dono da academia resolveu me ajudar. Ele que sugeriu que eu montasse um tatame na comunidade. Disse que se eu tentasse passar para as crianças o que estava aprendendo, nunca mais ia esquecer e meu rendimento ia aumentar. Ele então me doou um tatame e com o tempo, vi que ele estava certo – explica Mistura.   O lutador não esconde as confusões que aprontava em festas na região. “Quando eu era adolescente, as brigas em bailes funks estavam na moda e eu e meus amigos erámos conhecidos”, comenta. Depois de uma briga em uma festa no Jequiá Iate Clube, surgiu de modo inusitado o convite para ser segurança.    – Comentei com um amigo que trabalhava lá que, se eu fosse segurança, nunca ia deixar ninguém brigar e tumultuar eventos como eu fazia. Ele disse isso ao Peixe, que era comodoro do clube na época. Ele me ligou e me fez o convite. Nunca tinha pensado nisso e topei – revela.   Para Mistura, a experiência com as aulas e campeonatos de jiu-jitsu e luta livre fez com que deixasse de lado a violência. “O esporte não tem nada a ver com a violência e se tornou uma profissão para mim. Eu aprendi o que é covardia e também a respeitar o meu oponente em combate”, diz Mistura que tem cinco filhos: Mariana, de 16 anos; Isabela, de 13 anos; Vitória, de 11; Maria Luiza de cinco anos e o pequeno Luiz Miguel, de três anos.   Diariamente, Mistura recebe mais de cem alunos no espaço próximo ao campo de futebol do Morro do Dendê e fica feliz com o destaque de atletas nos campeonatos. “Montamos em 2006, a equipe Boxe & Chão e começamos a competir. É uma oportunidade para quem quer se profissionalizar”, comenta o professor que recebe o carinho dos alunos. O espaço funciona das 15h às 23h. A mudança de rumo na vida de Mistura é exemplo que merece ser imitado por quem ainda não encontrou um caminho. É verdade que, para chegar a um lugar de destaque, com todos os problemas que enfrentou ele, deu duro. A vida é assim mesmo. E só encontram a felicidade aqueles que fazem a diferença. Parabéns, Mistura. Vá em frente!