Gente da Ilha

Gente da Ilha - Paulo Fernando de Souza, o Fiapo

Conhecido na região como Fiapo, Paulo Fernando de Souza é o dono da loja que há 14 anos carrega seu apelido: Toca do Fiapo. A ideia de montar uma loja especializada em material de construção surgiu num momento de dificuldade na vida do Fiapo, e hoje em dia, é o grande orgulho deste comerciante, que antes trabalhava na manutenção de aeronaves...


11/11/2011 - Edição 1545

Homem determinado, Fiapo é um vencedor
Homem determinado, Fiapo é um vencedor

Conhecido na região como Fiapo, Paulo Fernando de Souza é o dono da loja que há 14 anos carrega seu apelido: Toca do Fiapo. A ideia de montar uma loja especializada em material de construção surgiu num momento de dificuldade na vida do Fiapo, e hoje em dia, é o grande orgulho deste comerciante, que antes trabalhava na manutenção de aeronaves. Há 30 anos morando na Ilha, Paulo é casado com Leda com quem tem dois filhos, Marcus e Fernando e conta com a ajuda da família para tocar as duas lojas na Ilha.

 

Nascido numa família de sete filhos, Paulo perdeu o pai quando tinha apenas oito anos. Sua mãe, que trabalhava como faxineira, se viu sem condições e procurou ajuda na Funabem de Quintino. Até os 15 anos, Paulo foi interno da instituição onde completou o antigo ginásio.

 

– Vivi momentos difíceis desta época, mas minha mãe nunca deixou de prestar assistência para mim e meus irmãos e ia nos visitar uma vez por semana. Quando completei 15 anos, abriu um concurso para técnico de manutenção de aviões no curso Cruzeiro do Sul, que ficava no aeroporto do Galeão. Quem passava na prova, além de aprender a função ganhava uma ajuda financeira. Lembro até hoje das palavras da minha mãe dizendo que era a única oportunidade que eu tinha de crescer na vida. Tinham apenas 20 vagas e mais de dois mil candidatos. Com muita força e estudo consegui entrar – conta emocionado.

 

O curso no Cruzeiro do Sul durou três anos e rendeu o apelido que é sua marca até hoje. "Logo no primeiro dia de aula, o professor falou que eu era muito magro, parecia um fiapo de linha e o apelido, claro, pegou", diz. Com o dinheiro do curso e com os irmãos já trabalhando, sua mãe Diva de Souza conseguiu juntar de novo a família em uma pequena casa em Quintino. Ao fim do curso, Fiapo conseguiu emprego na empresa TransBrasil, onde construiu carreira e chegou a gerente do setor de manutenção de aviões. Para ficar mais próximo do trabalho, resolveu mudar para a Ilha, em um apartamento no Jardim Guanabara. Foi na empresa que conheceu Leda, e casou em 1983.

 

Em outubro de 98, a Transbrasil enfrentou uma crise que a levou a falência. Passando um momento difícil, sem saber como recomeçar a vida profissional, Paulo viu quando uma senhora colocava uma placa de "Passo o Ponto" numa loja na Rua Ituá, na esquina com a Cambaúba. Num ímpeto, abordou a senhora e resolveu ficar com o espaço. "Resolvi jogar com a sorte e investir o dinheiro que juntei, num negócio próprio. Contei com a ajuda da minha esposa e do amigo Arlindo, parceiro de trabalho na TransBrasil. Resolvemos montar uma loja onde as pessoas pudessem encontrar de tudo para a casa e construção. Imaginei uma toca mesmo. E juntei o apelido que me fazia conhecido em todos os lugares onde estive", explica.

 

Paulo conta que foi um desafio diário aprender a trabalhar com comércio e que no início a Toca do Fiapo funcionava como um armarinho.

 

– A divulgação era boca a boca. As pessoas comentavam, "tem uma lojinha no Jardim Guanabara que vende tudo". No começo nem a gente acreditava que a loja cresceria tanto. Meus filhos ajudavam desde pequenos e o empenho deles, que se formaram em administração, contribuiu muito para que ganhássemos importância no segmento de construção do bairro. A disciplina e o comprometimento que aprendi a ter trabalhando na TransBrasil também foi essencial para o sucesso da loja. Hoje em dia minha vida se divide em antes e depois da Toca do Fiapo. É a história da minha família – diz.

 

Nas horas vagas, Fiapo gosta de viajar, hobby que carrega desde os tempos que trabalha com aviões. "Não resisto a uma viagem, toda vez que tenho uma folguinha. As viagens junto com a família são as melhores. Mês passado estivemos em Gramado, no Rio Grande do Sul e já estou pensando na próxima", conta. Solidário, Fiapo gosta de ajudar entidades, e acredita que quem ajuda faz o bem a si e ao próximo.