Gente da Ilha - Marcelo Mendes

Rock e poesia no coração insulano

Marcelo Mendes, 39 anos, já é figura conhecida na Ilha. Há quatro anos, ele está à frente da Lona Cultural Renato Russo, no Aterro do Cocotá, projeto do qual foi um dos idealizadores em 2004. Marcelo passou sua vida entre o Jardim Carioca e o Jardim Guanabara. E suas melhores recordações vem da infância.

– Minha infância foi muito boa, tive tudo o que uma criança precisa: carinho, atenção, cuidado, estudo, e também brinquei muito no Aterro – disse Marcelo para provar que a sua história com o Aterro do Cocotá começou cedo.

Ele estudou em escolas conhecidas do bairro, como a Anísio Teixeira, Rotary e Prefeito Mendes de Moraes, onde em 1993, criou o Clube de Poetas da Ilha. A poesia, aliás, foi algo que começou bem cedo na vida de Marcelo. Aos nove anos ele começou a ler Fernando Pessoa, Castro Alves, Luiz de Camões, algo não muito comum para uma criança. Por isso, este flamenguista fanático se sentia deslocado entre os colegas, já que não gostava das brincadeiras típicas e estava sempre com um livro em mãos. "Passei a adolescência tocando rock e escrevendo poesia. Sempre gostei de ler Cecília Meirelles, Olavo Bilac, eram meus prediletos e na música, Legião Urbana", recorda.

Aos 12 anos, Marcelo já fazia parte do movimento punk e depois, aderiu ao pós-punk. A música até hoje faz parte de sua vida e Marcelo é compositor e cantor da banda Reforma, ao lado dos companheiros Karlos Jr., Bruno Dorian, Clayton Verlaine e Eric Sabino. Além da música e da poesia, outra paixão de Marcelo é a Ilha do Governador. Paixão que faz questão de declarar sempre que pode. Sua parte preferida no bairro são as praias, em especial a praia da Bica, que frequentou muito durante a infância. "Fazia muitos castelos na praia e gosto muito da paisagem, de caminhar na areia, acho muito relaxante, sempre que posso, dou uma volta", diz Marcelo, que é casado há quatro anos com Luciana Mendes.

Se as praias da região são a parte que Marcelo mais gosta no bairro, são elas também que lhe causam mais preocupação. Em sua opinião, as praias poderiam ser despoluídas, por respeito aos moradores e também ao meio-ambiente.

– A Ilha tem lugares bonitos que não são conhecidos, além de diversas praias, temos também igrejas antigas. Tudo isso poderia ser explorado turisticamente. Com o Aeroporto Internacional localizado aqui, por que não trazermos os turistas para conhecer os recantos da Ilha, nossa história? Por quê turismo só na zona sul? Aqui também temos coisas bonitas, que merecem ser conhecidas, e ainda gerariam empregos – garante Marcelo.

Para o administrador da Lona, a cultura no bairro está favorecida. São exposições, shows, apresentações teatrais, recitais de poesia, em locais como a Casa de Cultura Elbe de Hollanda, a biblioteca Euclides da Cunha, entre outros, que fazem um trabalho sério para manter a cultura viva no bairro. Marcelo diz que estes espaços estão fazendo sua parte para trazer mais cultura à população. "Quem tem cultura, tem a chance de se libertar e conhecer um mundo novo. Cultura é a chave para a mudança", afirmou.

O próximo projeto de Marcelo é a comemoração do 4º aniversário da Lona, no fim do mês, ocasião em que vários eventos estarão na agenda cultural do público, para comemorar a data.