Gente da Ilha

Gente da Ilha - Márcio André

O compositor bom de bola e de samba


04/08/2011 - Edição 1530

Márcio André é exigente dentro de quadra, mas vê todos os integrantes da União como uma família
Márcio André é exigente dentro de quadra, mas vê todos os integrantes da União como uma família

Márcio André Emrhy de Souza, diretor de carnaval da União da Ilha, não é somente reconhecido na região pela dedicação e pelos puxões de orelha dados aos foliões de plantão para melhorar o desenvolvimento da escola durante os ensaios e no desfile. Ele é festeiro, grande compositor e tem um enorme coração. Há mais de três décadas a Ilha traz inspiração para as letras de seus sambas.  O compositor de seis sambas-enredos campeões da União e mais dois da Imperatriz Leopoldinense nasceu na Tijuca no dia 29 de outubro de 1962 e fixou residência na Ilha ainda criança, por volta de 1978. “Antes de nos mudarmos para cá, meu pai tinha casa de veraneio na Rua Chateau Prevot, na Freguesia. Todo final de semana tinha festa e futebol lá em casa. Depois nos mudamos para o Jardim Guanabara, mas as peladas continuaram”, contou. Ele relembra que seu pai, já falecido, Paulo George Macedo de Souza, mais conhecido como Paulão, recebia em casa amigos craques da bola, como Garrincha, Didi, Brito e Zagalo, além de nomes da música como João Bosco e Luiz Melodia.  E o samba também estava enraizado nos encontros de família. Tios, parentes e amigos, ou eram cantores, músicos ou compositores. Até o motorista tinha ligação com o carnaval e era da Império Serrano. O zelador do prédio de onde a avó morava era o quinto mestre de bateria do Salgueiro. Não é difícil de explicar porque o samba tem tanta influência na vida de Márcio André.  — Com 15 anos eu comecei a compor para a União da Ilha. Meu primeiro samba-enredo foi “Assombrações”. Já fiz parceria com grandes nomes como Aroldo Melodia e Edinho Capeta. Em 1986 entrei para ala de compositores junto com Marcos Paiva. Quando leio uma sinopse pela primeira vez, interpreto todo o texto e imediatamente já penso na melodia. Parece que estou dentro da cabeça do carnavalesco — comentou Márcio André, que é formado em administração e já foi presidente da ala dos compositores, diretor da harmonia e de carnaval e vice-presidente da escola insulana. Quem pensa que nas horas vagas Márcio André não se envolve com o samba, engana-se. Ele está 24h antenado, munido de caneta e papel, preparado para compor. “Nunca penso em me aposentar. Vou até o fim da minha vida compondo”, disse ele, que ganhou o Prêmio Plumas e Paetês como diretor de carnaval este ano e assume que as suas maiores paixões são o samba e o futebol.  Botafoguense, Márcio André já jogou no time de futebol 7 do Iate Clube Jardim Guanabara e faz questão de dizer que sempre se destacou nas peladas. “Eu tinha um chute muito forte de canhota. E sou o maior artilheiro do clube com 3.623 gols”, brincou. Márcio André é casado com Janice há nove anos, trabalha com compra e venda de automóveis, compõe e quando pode ainda vai bater uma bolinha em Vargem Grande, na casa do amigo Sávio Neves. Ele sente saudades da época em que podia dormir de portas e janelas abertas. “Sinto falta da boemia da Ilha; do tempo das casas de shows Cabana, Taberna, Tabuão e o antigo Farol. O compositor gosta da noite. E estou sempre rodando pelo Planeta da Ribeira, do meu amigo Joaquim Saavedra, Graça da Vila, Chuá, Siri da Ilha e Porcão”, contou. Márcio André é exigente quando fala em União da Ilha e promete surpresas para 2012. — Vamos vir para disputar o título. O carnavalesco Alex de Souza está muito mais entrosado neste ano. E a equipe toda está mais experiente. Faremos um grande carnaval. A União é uma escola competitiva e entrará na avenida para ganhar o primeiro lugar — adiantou ele, que é querido por todos os foliões insulanos e é reconhecido por sua competência, dedicação e sambas inesquecíveis.