Gente da Ilha

Gente da Ilha: Edgard Pereira Junior


12/07/2011 - Edição 1527

O professor Edgard já escreveu parte da história da educação na Ilha
O professor Edgard já escreveu parte da história da educação na Ilha

Paixão pela arte de aprender e ensinar

 

O professor e diretor do Colégio Paranapuã Edgard Pereira Júnior herdou de sua mãe, a enfermeira Helena Germano, a humildade, o espírito de solidariedade e a força da perseverança. Quando criança, Edgard acompanhava os trabalhos sociais de Helena pela Ilha e as filas de enfermos na porta da antiga casa na Rua Érico Coelho. Após o expediente no Hospital Paulino Werneck, mesmo cansada, Helena abria as portas de casa para atender quem precisava.

— Minha mãe começou a trabalhar no Hospital Paulino Werneck logo no dia da inauguração. Mas a minha casa era quase um hospital. Tinha gente que ia fazer curativos e tomar injeções. Além disso, naquela época ela subia todos os morros para cuidar dos doentes. Minha mãe era iluminada. Ela sempre lutou pelo bem dos insulanos. Eu era filho único só no papel — contou ele, que aprendeu com a mãe, que faleceu em 2004, como ser simples e ter um enorme coração.

 

Edgard diz que a casa nunca ficava vazia. Quando não havia pacientes, Helena e o marido Edgard Torres Pereira, também já falecido, faziam reuniões com pessoas envolvidas com a política. "Eles tinham ideias revolucionárias e eram de esquerda. Quando a polícia batia lá em casa, eles enterravam os livros no quintal. Em 1996, minha mãe já com 86 anos, se candidatou a vereadora e foi a mais votada no Brasil pelo partido dela", disse Edgard, que aos cinco anos se mudou para a Estrada da Porteira, nos Bancários, e hoje vive na Ribeira.

 

Como Edgard perdeu o pai ainda muito novo, Helena sustentou a família. Em 1967, Edgard começou a trabalhar no Incra, na área de cartografia. Mas ele gostava mesmo era de lecionar. "Com 14 anos, as pessoas diziam que eu tinha tendência para ser professor. No ginásio eu preferia estudar explicando a matéria para os meus colegas. Eu aprendia muito mais", lembrou ele, que estudou no Colégio Governador e cursou a faculdade de Letras na UFRJ em 1972.

 

No primeiro ano da universidade, Edgard já dava aulas de português em um curso preparatório para cadetes, chamado Curso Werneck. Os alunos gostavam muito do seu método de ensino e um desses alunos, que era mais velho e da Marinha, sugeriu, em 1975, para Edgard dar aulas em um curso para militares na Freguesia, o Paranapuã. Pouco tempo depois, Edgard já era sócio do curso preparatório. "Quando eu entrei eram quatro sócios. Mas cada um foi seguindo a vida. Todos eles voltaram para a terra natal, no nordeste, e eu fiquei sozinho", relembrou.

 

Como ele viu que a cada dia crescia o interesse dos insulanos pelo curso, em 2004, revolveu abrir o Colégio Paranapuã na Rua Jaime Perdigão, 438, no Moneró. Um ano depois expandiu a escola com mais uma filial em um prédio em frente. E já tem uma surpresa para 2012: "Compramos um prédio ao lado do Colégio Paranapuã. Esperamos que na metade do ano as obras já estejam concluídas para ampliar as instalações", adiantou.

 

Edgard, que é casado com Glória Maria e é pai de Juliano, diz que depois da família, a sua grande paixão é a escola. Para ele, além de educar e orientar crianças a escolherem profissões, é importante formar cidadãos. "Queremos engenheiros que construam pontes que nos levem da mediocridade à grandeza humana; médicos que extirpem o tumor do egoísmo e aviem a receita da solidariedade; militares que desarmem os espíritos. Enfim, tentamos, humildemente, colaborar na formação de uma sociedade mais justa e fraterna", disse o professor Edgard, que na comunidade é admirado e respeitado pela seriedade e exemplo de dedicação e amor à educação.