24/10/2025 - Edição 2273
A Ilha do Governador será o próximo foco do programa de despoluição da Baía de Guanabara. Após devolver a balneabilidade às praias do Flamengo e da Glória, a concessionária Águas do Rio anunciou o início das obras que prometem reduzir drasticamente o despejo de esgoto na região. A expectativa é que, até 2026, as praias da Ilha voltem a ter águas próprias para banho, o que pode impulsionar o turismo e a economia local.
Segundo o diretor institucional da Águas do Rio, Sinval Andrade, o trabalho consiste na instalação de coletores que captam o esgoto lançado nas redes pluviais antes de chegar aos canais e valões.
- Com a interceptação do esgoto que era lançado no mar, a natureza iniciará um processo gradual de regeneração. Esperamos observar os primeiros resultados já em 2026 - afirmou.
O projeto inclui cinco novos pontos de coleta entre a Praia de São Bento e os bairros da Portuguesa, Moneró e Jardim Guanabara. A estimativa é que cerca de 5 milhões de litros de esgoto deixem de ser despejados diariamente na Baía — o equivalente a duas piscinas olímpicas por dia. A estação de tratamento da Ilha também está sendo modernizada e terá capacidade dobrada até o fim do ano.
As praias com maiores chances de recuperação são as da Bica, Guanabara e Engenhoca, por estarem em áreas com melhor circulação de correntes marítimas. Já a Praia da Rosa e o Moneró devem demorar mais por estarem em regiões de mangue. Desde 2024, a concessionária atua na eliminação de ligações clandestinas e já desativou 249 pontos irregulares e fez mais de 2 mil desobstruções, somando R$ 11,4 milhões em investimentos.
Mas nem todos concordam com o impacto das intervenções. O engenheiro e ex-presidente da Cedae Wagner Victer considera que as obras não atingem diretamente as praias da Bica e da Guanabara. “Essas áreas já tiveram obras em 2013. O problema agora é o lixo flutuante e ele que deve ser combatido. Relacionar as novas intervenções à recuperação dessas praias é factoide”, afirmou.
Já o ambientalista Sérgio Ricardo pede ações conjuntas para que o resultado de fato apareça. “É essencial que todas as estações de tratamento ao redor da Baía funcionem plenamente. Enquanto o Canal do Cunha continuar lançando resíduos, a recuperação será parcial”, disse.
Com o início das obras, a Ilha pode voltar a sonhar com suas praias limpas, como se acostumaram os insulanos e cariocas durante a década de 60 e 70, quando a região era considerada por muitos até como local de veraneio, com praias lotadas, em dias mais quentes.