Gente da Ilha

Zé Carlos é um especialista em cuscuz

Há 20 anos Zé Carlos é referência na Ilha


Por André Oliveira

11/06/2021 - Edição 2045

Desde 2001, Zé Carlos se destacava vendendo bolo de aipim, cocada e cuscuz em frente ao Ilha Plaza
Desde 2001, Zé Carlos se destacava vendendo bolo de aipim, cocada e cuscuz em frente ao Ilha Plaza

De segunda a sexta, Zé Carlos, de 56 anos, repete uma rotina que já dura duas décadas –completadas no dia 20 de fevereiro deste ano –, vendendo cocadas e cuscuz, doces que ganharam a preferência de muitos insulanos pela qualidade e sabor. Quem frequenta o Ilha Plaza Shopping sabe onde encontrá-lo em uma das escadas da entrada principal ou próximo ao semáforo.  

Baiano de Vila Real, na divisa com Sergipe, o insulano de coração, José Carlos, chegou ao Rio de Janeiro com 19 anos em busca de um emprego. Logo em 1985 conseguiu um trabalho na Ilha, se apaixonou pela região, e resolveu vir morar e trabalhar na região em uma fábrica de óculos.  

— Eu entrei e não sabia nada da profissão, mas com o passar do tempo fui me aprofundando e virei um exímio montador de lentes. Trabalhei neste ramo por cerca de 16 anos. Foi nesse ambiente que conheci a mulher da minha vida, a Elaine, e me casei. Desde 1986, com orgulho, moro na comunidade dos Servidores, no Tauá — conta José.  

Em agosto de 2000, ele decidiu mudar rumo profissional e trabalhar por conta própria. A história com o cuscuz começou após um convite do amigo João, o Baixinho, que morava na Praia da Rosa e tinha um ponto de venda. Juntos, começaram a trabalhar vendendo duas carroças de cuscuz e de cocadas por dia. Em fevereiro de 2001, o amigo Baixinho decidiu voltar para terra natal e colocou à venda a carroça e o ponto. José decidiu que era a oportunidade de sua vida e fez o investimento, que na época custou R$ 500. 

— O João me passou alguns truques de receita e eu aperfeiçoei com o passar do tempo. A vida, na verdade, foi me ensinando. Sou eu mesmo que produzo os meus produtos, faço questão disso para garantir qualidade ao cliente. Acordo de segunda a sexta, às 5h da manhã, começo o preparo do bolo de aipim, vou ao mercado, volto, e ralo 8kg de coco por dia. Faço tudo com muito afinco para realizar boas vendas — conta José, que chega para trabalhar às 16h e só vai embora com o carrinho vazio.   

Além da rotina intensa de fazer e vender o cuscuz, José Carlos caminha meia hora empurrando seu carrinho de casa até o ponto de venda. Mas engana-se quem pensa que esses percalços desanimam o Zé, pois mesmo com a aposentadoria por tempo de trabalho batendo na porta, ele não pensa em largar o trabalho tão cedo.  

— Não tenho saco para ficar em casa. Quando a gente se acostuma com essa vida, esse ritmo, adora. Eu tiro meu sustento há duas décadas do cuscuz. É a minha vida. Criei e sustentei minha família assim, com muito orgulho. Tenho ao longo dos anos muitos clientes que viraram amigos. Até os mais “cascas grossas” eu tiro de letra — brinca.  

De segunda a sexta, no cantar do galo, o Zé Carlos acorda em busca do sustento. Seu esforço e determinação revelam um exemplo de trabalhador que é respeitado e admirado na região, porque faz as coisas certas e com qualidade. Como ele diz, 20 anos não são vinte dias”, e esse tempo todo foi enfrentando e vencendo as dificuldadesEle nunca pensou em desistir e não quer parar. José é referência de cidadão e um exemplo para muitas pessoas. Merece ser homenageado.  

É gente da Ilha!