Gente da Ilha

Xodó, o gente boa do Posto Shell

Há 43 anos, Aurelino Jesus dos Santos conquista o carinho dos clientes com a simpatia


Por André Oliveira

13/09/2019 - Edição 1954

O baiano Xodó trabalha sempre bem humorado
O baiano Xodó trabalha sempre bem humorado

O galo ainda não cantou e Aurelino já está de pé, pronto para sair de casa na Vila Joaniza, no Galeão, para mais um dia de trabalho em direção ao Posto Shell, localizado próximo ao Ilha Plaza Shopping. Essa rotina se repete há 43 anos, tempo em que Xodó, como é conhecido pelos amigos, trabalha no posto. Simpático e atencioso, ele conquistou a confiança e o carinho dos clientes que se tornaram grandes amigos e sempre o procuram para bater um papo quando buscam o posto.

Nascido no município de Nova Fátima, na Bahia, na região do Riachão do Jacuípe, Aurelino desde cedo ajudava no sustento da família trabalhando nas plantações de subsistências da roça, ao lado dos quinze irmãos e dos pais Carmerindo Cardoso e Petronílea Maria. Aos 18 anos veio trabalhar no Rio de Janeiro, influenciado por um de seus irmãos que já morava na Cidade Maravilhosa.

— O sertão da Bahia era agradável e muito bom para viver, mas não tinha grandes oportunidades de ascensão na vida. Por isso decidi vir ao Rio para tentar mudar o meu estilo de vida. Logo quando cheguei conheci o bairro dos Bancários, onde morei por algum tempo, enquanto servia ao Exército Brasileiro, no quartel do Centro da cidade — conta.

Da Bahia ele trouxe junto a namorada, Maria Souza, companheira de todos os momentos e que está com Xodó há 46 anos. Em 1975, ele pediu dispensa das forças armadas após receber uma proposta de emprego no Posto Shell, recém-inaugurado, no Moneró. Aurelino relembra com carinho de como surgiu este apelido de Xodó, colocado logo assim que chegou para trabalhar no posto.

— Eu era novo no Rio de Janeiro, sempre morei em roça, então vivia desconfiado de tudo na cidade grande. O dono da antiga Casa da Banha, que existia na Rua Cambaúba, colocou este apelido como forma carinhosa de me chamar. Este apelido ficou tão marcante que os clientes e funcionários do posto só descobriram meu verdadeiro nome, quando começamos a usar crachá — brinca.

Ao longo de mais de quatro décadas trabalhando no mesmo posto de gasolina, Xodó conhece bem as responsabilidade das funções e já foi frentista, trabalhou no lava-jato e atualmente é o caixa do estabelecimento, pois conta com a confiança dos donos.

Dos clientes que já atendeu, lembra de alguns conhecidos como os ex-jogadores da seleção brasileira, Didi, o folha seca; o zagueiro Brito e o jornalista Gilson Ricardo, entre outros. Ele diz que a semelhança física com o atacante Romário, sempre chamou a atenção de familiares e amigos. “Lembro que quando o baixinho foi campeão mundial em 1994 fui ao aeroporto recepciona-lo e a multidão gritava que o Romário estava na torcida. Foi uma festa danada”.

Aos 64 anos, comemorados neste mês de setembro, Aurelino, o Xodó, já está aposentado, mas não pensa em parar de trabalhar. Não apenas pela importância da renda extra que entra em casa todo mês, mas também pelos clientes que insistem para ele continuar na luta. Xodó tem duas filhas, e três netos. É uma pessoa trabalhadora que saiu da Bahia e se tornou um insulano admirado pelos amigos e clientes do posto, por sua integridade e cuja fisionomia transmite sinceridade e honestidade. Xodó é um sujeito do bem. É Gente da Ilha.