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Superlotação no Degase preocupa a Ilha

Mais de 500 adolescentes ocupam o espaço destinado só para 216


21/06/2019 - Edição 1942

O Centro de Socioeducação Dom Bosco, fica próximo da Estrada das Canárias
O Centro de Socioeducação Dom Bosco, fica próximo da Estrada das Canárias

A unidade do Centro de Socioeducação do Degase, Dom Bosco, que fica ao final da Estrada das Canárias, preocupa os insulanos após uma medida do STF determinar que adolescentes que tenham sido apreendidos por crimes de menor letalidade, como tráfico ou furto, sejam liberados para cumprir pena em casas, diante da superlotação na unidade.

Um agente do Degase, que não quis se identificar, explicou que os menores serão entregues aos seus pais e poderão ir para casa. Disse ainda que a maioria dos menores já liberados na unidade não residem na região da Ilha do Governador e possivelmente não tem motivos para circular pela Ilha.

— A grande preocupação para a população da Ilha deve ser com o risco de uma revolta, pois as condições onde ficam os menores são ruins. Estamos buscando a transferência para outro lugar, pois liberá-los não é solução, já que a maioria, para não falar todos, sairão daqui e provavelmente retornarão a cometer delitos — preve o agente.

Com poucas celas, a unidade carece de melhor estrutura

A medida do STF foi criticada, também, pelo Ministério Público, por causa da reincidência aos crimes. Na segunda (17), um adolescente que tinha sido liberado um dia antes do Degase da Ilha, foi novamente apreendido depois de participar de uma tentativa de roubo a celular na Taquara, Zona Oeste do Rio. O fato é exemplo do que pode vir a acontecer com esses adolescentes que forem liberados da unidade socioeducativa.

Outra preocupação é que na quinta (13), uma determinação da juíza Lúcia Glioche, transferiu para a Ilha mais 30 adolescentes que estavam na unidade do Degase em Bangu. O motivo para a transferência é o Art. 16, da Lei 12.594/2012, determina que nenhuma unidade socioeducativa pode estar integrada ou anexo a uma unidade prisional, que é o caso em Bangu.

Segundo o presidente do Sindicato do Degase, João Rodrigues, as unidades são independentes. "A unidade de Bangu é independente, não tem contato com o presídio. O local para onde esses jovens foram realocados, na Ilha, já é um barril de pólvora. Depois dessa transferência serão 500 menores dividindo um espaço superlotado.’’ Segundo funcionários do Degase a unidade Ilha só deveria comportar 216 pessoas. Procurado o diretor geral do Degase, André Monteiro, não se pronunciou.