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Rio Jequiá sofre com despejo de esgoto

Estudo aponta que dejetos vão direto para o manguezal


12/08/2022 - Edição 2106

Diversas tubulações com esgoto não-tratado estão espalhados ao longo das casas ao redor do manguezal
Diversas tubulações com esgoto não-tratado estão espalhados ao longo das casas ao redor do manguezal

O Rio Jequiá, assim como a Baía de Guanabara, sofre há décadas com despejo diário de esgoto produzido pelos moradores dos bairros ao redor do manguezal. Dados de estudos do Departamento de Engenharia Sanitária e Meio Ambiente da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), de 1992, apontavam o lançamento diário dos esgotos de cerca de 75 mil pessoas. Passados 20 anos, pouca coisa mudou e as obras de saneamento básico, que resolveriam o problema, não saíram do papel.  

Em 1995, quando foi iniciado o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG), não havia planejamento de investimentos para Ilha do Governador. À época os moradores ficaram revoltados e após diversas mobilizações, como o movimento Baía Viva, entre outros, resultaram em investimentos nas comunidades, inclusive no Guarabu, Serra Morena, Boogie Woogie e Colônia Z-10, locais próximos ao Rio Jequiá, além da ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto da Ilha (Etig). No entanto, a falta de planejamento durante as execuções das obras, deixaram muitas delas incompletas e inacabadas.  

— Na Colônia Z-10, por exemplo, além do uso de materiais de baixa qualidade, nunca foi solucionado em definitivo o problema de recalque, já que a comunidade foi construída sobre aterros e em área vizinha aos manguezais. Ainda hoje há dificuldade de bombeamentos dos esgotos das residências para uma elevatória, que fica na entrada da Z-10, mas o equipamento dificilmente funciona São dezenas e dezenas de casas que despejam o esgoto através de tubos diretamente no manguezal. Um absurdo — disse o Sérgio Ricardo, coofundador do Movimento Baía Viva.  

Agora com a privatização da Cedae, a responsabilidade da melhoria do saneamento básico, em busca de evitar que centenas de litros de esgotos sejam despejadas diariamente no Rio Jequiá e, posteriormente, na Baía de Guanabara, recai às Águas do Rio. De acordo com especialistas, é preciso trocar as tubulações de diversas comunidades, que estão obsoletas, e realizar novas instalações, já que houve crescimento populacional em diversos bairros.  

— A poluição do Rio Jequiá, do manguezal e das praias insulanas representam uma perda econômica bastante expressiva, uma vez que a vocação da economia carioca é para a economia do mar. Com todas as praias impróprias ao banho e a Baía de Guanabara poluída, a população da Ilha tem perdas econômicas sérias principalmente na pesca e no lazer, além de gerar sérios problemas de saúde pública — conclui Sérgio Ricardo.