25/09/2020 - Edição 2008
Bem, primeiro é importante entender o que é um Galeão. Trata-se de uma grande embarcação com 3 ou 4 mastros, grandes velas e muitos canhões. Essas embarcações possuíam uma grande galeria para armazenamento de munição e mercadorias, sendo maior que naus, caravelas e fragatas, por exemplo. Eram muito utilizadas para escolta de outros navios e foram usadas pelos portugueses, espanhóis, ingleses e franceses entre os séculos XVI a XVIII. São comuns nos cinemas em filmes de piratas, além de desenhos animados, séries ou novelas de época.
O nosso galeão é o famoso “Padre Eterno”. Com seu nome dedicado a Deus (“Pai Eterno”), ele foi encomendado em 1659, pelo Governador e Capitão-Geral da Capitania do RJ, Salvador Correia de Sá e Benevides. Militar e grande político português, dono de terras e engenhos, Sá mandou construir a mais potente embarcação visando maior proteção do litoral e gerar mais lucros. A construção do navio foi realizada em um estaleiro em uma área próxima à pista do aeroporto, na Ponta do Galeão. Prolongou-se durante quatro longos anos e foi preciso o trabalho de nativos, africanos e europeus para sua construção. Todas essas mãos, juntas, tornaram esse barco possível. A madeira utilizada veio de áreas como Ilha Grande e foi lançado ao mar em dezembro de 1663.
Imagine presenciar esse momento? Seria sensacional, não?
O Galeão Padre Eterno media aproximados 53m de comprimento, com capacidade para transportar 2 mil toneladas de carga. Tinha 144 canhões – armamento que superava o de muitas fortalezas na época. Com quatro mastros, o principal feito de um único tronco com 2,97m de circunferência na base, era uma embarcação imponente, bela, vigorosa e muito resistente.
A gazeta mensal portuguesa Mercúrio Português publicou matéria na edição de março de 1665 sobre o galeão com o seguinte texto: “E do Brasil virá também o galeão chamado Padre Eterno, que se faz no Rio de Janeiro, e é o mais famoso baixel [navio] de guerra que os mares jamais viram”.
Segundo o pesquisador insulano Jaime Morais, “O Padre Eterno” ficou conhecido como o maior barco da época, embora o navio sueco Kronan, de 2.200 toneladas, e o francês Soleil-Royal, de 2.500 toneladas, fossem um pouco maiores”. Acredita-se que naufragou no Oceano Índico, mas sem data e causa conhecidas.
Em 1666 foi instalada, no mesmo local que foi construído o galeão, uma fábrica de fragatas onde foram feitos outros importantes barcos. Com isso surgiu o nome de Galeão aquela região que é parte da nossa história. Como gosto de afirmar: “Vivemos numa Ilha com histórias por todos os lados! A única imagem que temos que retrata o Padre Eterno é de 1683, na gravura de A. M. Mallet.
Quer conhecer mais fatos da nossa Ilha? Faça parte do grupo incrível no Facebook: “Ilha do Governador – o passado no presente”, do professor Jaime Morais. Participe!
A estátua localizada na Freguesia é um dos símbolos da região