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Pandemia prejudica pescadores da Z-10

Medida de isolamento social afeta a comercialização informal de pescados


31/07/2020 - Edição 2000

Pescadores artesanais sofrem para se adaptarem diante do novo cenário provocado pela Covid-19
Pescadores artesanais sofrem para se adaptarem diante do novo cenário provocado pela Covid-19

A pandemia da Covid-19 impactou diretamente a vida de pescadores artesanais da Colônia Z-10. Nos últimos meses houve uma drástica redução na comercialização impulsionado pelo isolamento social e outras medidas de combate ao vírus. Mesmo com todas as dificuldades e limitações do espaço pesqueiro artesanal na Baía de Guanabara, há peixes para serem vendidos, mas o que está faltando são compradores.

No período pré-pandemia, um pescador da Z-10 tirava diariamente, em média, de R$ 80 a R$ 100. Teve dia, no entanto, durante a pandemia, que esse valor chegou a sofrer uma redução de até 70%. De acordo com o pescador Wilson Mariola chega um momento que não compensa ficar cinco, seis horas na Baía com barco de remo, se arriscando, jogando as redes para recolher o pescado e não ter o retorno financeiro desejado.

— O pescador dedica algumas importantes horas do dia para conseguir sucesso durante a pesca e, ao chegar com o pescado, ainda precisa contar com a sorte de conseguir realizar a venda. É aí que ele começa a refletir e, como no meu caso, procura outras maneiras de ganhar dinheiro para manter o sustento em casa. Os jovens, ainda conseguem achar uma maneira de se reinventar, dá um jeito de trabalhar de Uber, enfim. Mas o problema são os pescadores mais antigos que não possuem tanta flexibilidade assim — conta.

Já o pescador Thiago Caiçara, um dos grandes defensores da valorização da cultura caiçara, cujo princípio reflete a combinação entre agricultura e pesca, a modernização no modo de realizar as compras, desde o pagamento no cartão até a nova onda de aplicativos de delivery dificulta ainda mais a vida do pescador, que perde vendas e o relacionamento direto com o consumidor final, principalmente durante o isolamento.

— Mesmo antes da pandemia já sofríamos com este problema. O mundo está evoluindo, mas os pescadores tradicionais não conseguem acompanhar esta evolução. Muitos não possuem instrução de como realizar essa transição até porque trabalham para auto sustento diário com a venda de porta em porta. É preciso que sejam feitas parcerias ou políticas públicas que incentivem o pescador artesanal de modo a reaquecer novamente esta importante economia informal — disse esperançoso, Thiago.