09/04/2021 - Edição 2036
Ao ver fotos da região ou caminhar pela orla da Praia da Bica, no bairro do Jardim Guanabara, não há como não admirar o esplendor, beleza e grandiosidade das altas palmeiras imperiais. Escutar suas folhas balançando ao vento... É muito bom!
Existem algumas “lendas” atuais que temos que explicar. Muitos já ouviram: “aquelas palmeiras remontam da época do século XIX ali na praia e sempre foram mantidas desde então”, ou “Foi D. João VI que começou esse plantio e, com o tempo, as palmeiras que morreram foram substituídas por novas”, ou ainda: “Essa paisagem já existe na Ilha há mais de 200 anos”. “As palmeiras existentes na Rua Uça seriam na forma de um P em referência a D. Pedro II”... Enfim, tais falas são bonitas, mas, infelizmente, não procedem.
Sabemos que o regente D. João fez inúmeras realizações na cidade: o Teatro Real, a Biblioteca Real, a Escola Real de Belas Artes, a Academia Real Militar, a Guarda Real de Polícia (atual PM), o Horto Real (Jardim Botânico). Ele também fez calçamento de ruas, construiu chafarizes para melhorar o abastecimento de água, trouxe diversos profissionais europeus na Missão Artística Francesa, em 1816, visando tornar a nossa cidade como uma “capital europeia”. Enfim, a administração portuguesa estava aqui e a cidade se tornou, por um tempo, a Capital do Império Português (1815-1821). Por todas essas realizações, por que não pensar que a família real fez também algumas ações de embelezamento aqui na Ilha?
Mas as palmeiras foram plantadas de 1928 em diante, no momento que se inicia a urbanização do bairro do Jardim Guanabara, e temos fotos mostrando como era a região antes desse plantio. Através de pesquisas do professor Jaime Morais, através de imagens de 1927 e anos anteriores, nenhuma delas existia no local. Assim, as famosas palmeiras da orla da Praia da Bica e também as que estão na Rua Uçá são do final da década de 1920. Temos fotos da década de 1940 com as plantas ainda jovens. Assim, é fake a fala que a Família Real foi responsável pelo plantio na Ilha.
Sendo ou não plantadas pela realeza, nós devemos preservar nossas árvores nas praças, parques e ruas insulanas. Evite cortar! Faça a poda consciente! Muitas estão sendo destruídas e, com certeza, farão muita falta. Sigamos o exemplo do insulano Hilário que, há anos, planta e faz manutenção voluntária nos jardins do Corredor Esportivo, no Moneró! Preservar é vida!
Professor insulano conta que transporte público circulou por mais de 40 anos e ligava a Ribeira a Freguesia