Opinião - José Richard

Chega ser humilhante para a população essa inexplicável crise no fornecimento de água na cidade. A Cedae é uma empresa pública cujo desempenho neste início de ano se revela irresponsável ao ponto de distribuir aos seus clientes e consumidores, água com gosto e cor de terra, além de um péssimo odor.

Não resolve indicar como culpado o Rio Guandu, cujo manancial sofre com um altíssimo índice de poluição e que se tornou um caldo de sujeira e contaminação por bactérias. Isso, não aconteceu por acaso ou repentinamente, mas é o resultado de um recente processo de omissão cujo despejo de dejetos químicos e orgânicos nos afluentes atingiu níveis inacreditáveis de modo crescente e descontrolado.

É uma tragédia canalizar água podre para a casa de cerca de 7 milhões de pessoas. Lembro que até pouco tempo podia-se beber o líquido direto da torneira, numa prova que ela era tratada com responsabilidade e chegava nas residências própria para consumo humano. A população confiava na Cedae. Hoje a recomendação de médicos e especialistas é tomar muitas precauções no uso inclusive no banho, pois existem casos na Ilha de sérias reações alérgicas.

Por absoluta falta de informação ou recursos, algumas famílias se arriscam e desafiam os conselhos, embora filtrem e fervam a água, assumem os riscos de contaminação por alguma bactéria e de contrair uma doença séria. Por outro lado, a conta de janeiro e fevereiro deve chegar em dia e cada um de nós vai ser obrigado a pagar pela podridão que sai das torneiras e pelo esgoto que não é tratado no Guandu.

Penso naqueles insulanos que ganham pouco ou estão desempregados e precisam de água mineral para suas famílias. Como fica essa conta?