Opinião

Opinião - José Richard

Nesta época do ano, as chuvas de verão causam grande impacto na região


Por José Richard

07/02/2020 - Edição 1975

Insulanos ficam imposssibilitados de se locomoverem pelas ruas da região
Insulanos ficam imposssibilitados de se locomoverem pelas ruas da região

Inevitavelmente, todo ano nessa época, as chuvas de verão causam grandes prejuízos materiais e, pior, acabam ceifando vidas. Belo Horizonte é uma das cidades mais atingidas nessa temporada, mas poderia ser o Rio de Janeiro mais uma vez, como em outros anos, e mais especificamente, a Ilha.

Há dois anos, em uma tempestade com ventos muito fortes, os insulanos se viram no meio ao caos, sem luz, com abastecimento de água intermitente e imposssibilitados de se locomoverem pelas ruas da região, devido a quantidade enorme de árvores, mais de 300, que foram, literalmente, arrancadas do solo. Aliás, qualquer chuva mais forte, se combinada com a maré alta, acaba trazendo grande impacto em nossas vias por razões óbvias.

De lá pra cá o que mudou? Aparentemente nada. Afinal, não houve obras significativas de nenhum governo, seja municipal, estadual ou federal com o objetivo de diminuir o problema. O solo está cada vez menos permeável por conta do cimento, asfalto e construções. Os esforços dos ambientalistas não encontram eco para mudar racionalmente a ocupação do solo. A população, por sua vez, continua jogando lixo nas ruas, nos rios, no mar e em todo local impróprio, ações que acabam obstruindo o fluxo da água quando chove.

Se você faz as mesmas coisas todos os dias, não espere resultados diferentes. Essa frase, com pequenas mudanças, que é atribuída a diversas personalidades diferentes, reflete exatamente o que vivemos nessa época de chuvas. As pessoas parecem ter memória fraca e se espantam com as mesmas consequências todos os anos. Incrível.

O argumento que a força da natureza é enorme e qualquer lugar do mundo, por mais rico que seja o país ou mais avançada que a sociedade esteja, pode sofrer com desastres climáticos seria válido até certo ponto se todos estivessem fazendo os seus papéis. Muitas tragédias e prejuízos são inevitáveis, mas é evidente que poderíamos fazer mais do que fazemos para evitá-los.
Podemos mudar o mundo cada um fazendo a sua parte. Lixo no lixo já é um bom começo.