Opinião

Opinião - José Richard


18/11/2022 - Edição 2120

Depois que a corrente da âncora não suportou a força do vento e o navio graneleiro São Luiz ficou à deriva, na segunda, dia 14, chocando-se com a ponte Rio-Niterói, a Baía de Guanabara voltou ao noticiário jornalístico. Pena que mais uma vez para uma notícia ruim. 

Tem sido assim nos últimos anos por motivos diversos, como a poluição das águas que provoca doenças em banhistas e causa graves consequências na fauna e flora marinha, tornando a Baía de Guanabara um vasto depósito de esgoto orgânico e químico sem ter nenhum plano para o seu saneamento e despoluição.  

Estudos revelam que em alguns pontos da baía, como em parte do entorno da Ilha do Fundão, a água não passa de um caldo de bactérias diante da sujeira e podridão dos elementos orgânicos jogados inconsequentemente por parte da população. 

Na área norte e noroeste da Ilha do Governador, onde a região insulana tem do outro lado a cidade de Duque de Caxias, a lâmina d’agua chega a poucos centímetros inviabilizando a navegação até de pequenas embarcações. Isso acontece pela absoluta falta de serviços de dragagem do lodo que se acumula no fundo que é formado por todo tipo de resíduos trazidos pelas águas poluídas dos rios Pavuna, Iguaçu e Estrela. 

Se na tarde de segunda o vento fosse contrário, o navio São Luiz poderia ter parado em frente a alguma praia da Ilha do Governador, como acontece com o lixo flutuante que chega à nossa orla pelo movimento das marés cujas águas banham cinco cidades: Rio, Duque de Caxias, Magé, São Gonçalo e Niterói. 

A Baía de Guanabara é linda na foto, e não pode continuar sendo depósito de todo tipo lixo, de navios abandonados e geradora de problemas imprevisíveis à vida e desenvolvimento da nossa região. A Ilha do Governador é o futuro polo de desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, e a Baía de Guanabara limpa é parte importante desse projeto.