Opinião

Opinião - José Richard

Bancos e os lucros


Por José Richard

25/02/2022 - Edição 2082

A divulgação dos lucros da Petrobras em 2021, que superaram os R$ 106 bilhões, é questão para refletir e talvez chegar a uma conclusão simplista de que a empresa estatal pode estar exagerando no preço da gasolina e derivados para obter cada vez mais lucros. Será que o sacrifício dos brasileiros é capaz de gerar satisfação aos acionistas e ao Governo, mesmo em tempos de pandemia?  

Com o litro da gasolina em torno dos 8 reais e os outros combustíveis alternativos subindo na mesma proporção é difícil alguém conseguir sustentar a sua família através do trabalho que depende de algum tipo de veículo que roda em nossas ruas esburacadas, por mais econômico que seja. O pessoal dos aplicativos, por exemplo, está em desespero operando em corridas que não pagam o combustível, sem contar o desgaste das peças, pneus, lubrificação, óleo, etc. Como vivem?  

Mas vejo as ruas lotadas de carros e imagino que a qualquer momento as economias podem acabar ou ninguém mais suportar. 

Por outro lado, empresas poderosas como os bancos, embora também tenham enfrentado os problemas gerados pela pandemia, anunciam recordes de lucros a cada trimestre, mas atendem seus clientes cada vez pior. Para entrar numa agência e sacar o nosso dinheiro é precisa esperar fora da agência, no sol ou na chuva e aguardar a vez num caixa eletrônico, que para os idosos é difícil de ser operado, sobretudo pelas inovações que surgem a cada dia. Alias, para ser atendido presencialmente  pelo funcionário que trabalha no caixa, e colocar a mão no nosso dinheiro é precisa antes convencer o segurança na porta da agência e ter sorte. 

O Bradesco da Portuguesa é um péssimo exemplo disso. Parece um castelo de dois andares e vive vazio. Os clientes esperam e sofrem fora da agência sob sol escaldante, ou mesmo durante as chuvas, e só entram na agência em casos muito especiais. Na verdade os banqueiros querem acabar com as agências físicas e obrigar os seus clientes a aprender as operações bancárias apenas nos caixas eletrônicos. Com os bancos digitais sabem que com o tempo quase tudo pode ser resolvido pelo celular. Apenas buscam cada dia mais lucro e deixam de conhecer seus clientes. 

Isso vai mudar! Precisamos dos abraços e das boas conversas presencialmente.