Opinião - José Richard

O problema da segurança pública na Ilha do Governador é muito mais grave e sensível do que a maioria de nós imaginamos. Além do poder das quadrilhas, que se escondem nas comunidades sob a bandeira de facções criminosas, onde dominam territórios e exploram com exclusividade serviços ilegais altamente lucrativos de gatonet, entrega de gás, cobram propina de vans e controlam o tráfico de armas e munições, existem frágeis unidades de internação de menores infratores cumprindo penas de reclusão.

E com a recente determinação do STF de aliviar a superlotação nessas unidades, centenas desses jovens devem ser soltos só na unidade do Degase da Ilha. Segundo recente reportagem do jornal O Globo, quase 80% dos casos são de adolescentes que cometeram atos infracionais com uso de violência ou grave ameaça. Uma grande parte desses menores estão reclusos por roubo, sete por homicídios, outros sete por latrocínio e 78 com históricos de tráfico de drogas. Ou seja, alguns muito perigosos.

É que nessas unidades os jovens deveriam ser separados por faixa etária, ato infracional e ter acesso à educação, e outras medidas de reinclusão social. Mas como nada disso é feito, quando ganham a liberdade, a maioria, quase que absoluta, volta a cometer crimes, como o caso de um adolescente de 20 anos que foi apreendido há quatro anos por furto e depois foi condenado mais três vezes por outras ilegalidades, inclusive tráfico. Acabou sendo apreendido uma quarta vez, pelo assassinato de uma pessoa e já foi acusado de incêndio na própria unidade onde cumpre a reclusão. Em dezembro esse jovem completa 21 anos e deverá ganhar a liberdade. E tudo indica que irá cometer mais atrocidades.

É uma situação complicada, sobretudo porque o Centro Dom Bosco onde ele e tantos outros jovens estão internados fica na Ilha. Portanto, temos muitas razões para estar preocupado quando essa turma for solta.