Gente da Ilha

O nordestino Soró é exemplo de cidadão

Severino Elias, o Soró, se destaca pela cordialidade


Por André Oliveira

06/12/2019 - Edição 1966

No Canto's Bar desde 84, Soró conquistou a clientela
No Canto's Bar desde 84, Soró conquistou a clientela

A alegria e simpatia são caraterísticas de Severino Elias, o Soró, funcionário do Canto’s Bar, localizado na Esquina das Flores do Cacuia. Há 36 anos ele trabalha no mesmo bar e conquistou a confiança da clientela. Tudo fruto do atendimento e bom papo, qualidades inatas de Soró, cujo apelido, surgiu no colégio Óperon, após brincadeiras entre professor e alunos, por ter vindo do nordeste.

Natural do município de Itambé, em Pernambuco, Soró, desde pequeno, aprendeu, junto aos seus pais, o que a terra pode de melhor proporcionar ao ser humano. Como foi criado na roça, cresceu valorizando a plantação e suas colheitas, afinal esse era o meio como a família garantia o sustento. Carlos relembra a época em que ia à Cidade para vender as frutas que ele havia plantado.

— Naquela época éramos diferentes, nós valorizávamos o que era nosso. Cresci com meu pai ensinando os truques e macetes da plantação e dando exemplos e como ser uma pessoa de boa índole, honesta e justa. Eu não podia ver uma semente, um espaço aberto e arejado, que já dava um jeito de plantar. Foi uma época muito feliz da minha vida. É claro que passamos por algumas dificuldades, mas garanto que isso ajudou a ser a pessoa na qual me tornei — conta.

Aos 17 anos, Soró decidiu deixar o Nordeste, e junto com um amigo viajou para tentar uma vida melhor no Rio de Janeiro. Os primeiros meses na Cidade Maravilhosa foram trabalhando em uma construção em Copacabana. Em seguida, decidiu vir morar na Ilha e inicialmente trabalhou como ajudante de padeiro na Ribeira. Mas a vida tinha para ele outro destino profissional. Foi trabalhar em um bar na descida da Rua Babaçu.

— Cheguei no Canto’s Bar em 1984, e uma das primeiras coisas que fiz foi buscar onde poderia plantar um pé de mangueira e decidi pela esquina da Rua Babaçu com a Estrada do Galeão, perto do bar. O tempo passou e agora, 36 anos depois, o visual do Cacuia mudou, as lojas se multiplicaram, no entanto minha mangueira segue firme e forte, robusta e próspera. Enquanto trabalho no bar, sou um grande fiscal dela. Não deixo ninguém pegar as mangas que ainda não estão maduras — brinca.

Soró pode ser considerado um “faz tudo” do Canto’s Bar, cujo proprietário é o senhor Amândio. Ele chega às 5h da manhã, prepara o café, serve os clientes e às 10h vai para cozinha preparar os tira-gostos. Sua rotina no bar é trabalhosa, e inclui as funções de garçom, porém ele garante que já se acostumou e hoje em dia faz isso com prazer. “Sou feliz aqui. Os clientes me conhecem e se tornaram grandes amigos. Eles prezam pela minha companhia. É gratificante”, diz feliz.

Atualmente, Soró mora na Rua Baviera, no Dendê, é casado há 37 anos com Dione dos Santos, que ele se orgulha em dizer que é uma grande companheira para todas as horas, tem uma filha chamada Eliane e uma netinha a Maria Eduarda de 10 anos. Embora esteja aposentado pelo INSS desde 2013, não pensa em parar de trabalhar.

Soró é um exemplo de cidadão brasileiro, trabalhador e honesto. Aceitou o desafio de sair do nordeste para realizar seus sonhos na Ilha. E aqui fez grandes amigos e é admirado por sua dignidade e caráter.

É gente do bem. É gente da Ilha!