06/12/2024 - Edição 2227
A Ilha do Governador atravessa uma crise hídrica sem precedentes. Desde o dia 21 de novembro, moradores de diversos bairros enfrentam a falta d'água, com a situação se agravando nos últimos dias. Todos os bairros estão sendo afetados, com casas, apartamentos e condomínios sem abastecimento, o que deixa os moradores em uma situação desesperadora. Além disso, serviços essenciais foram impactados como cirurgias eletivas nas clínicas da família da região.
A crise começou com a paralisação do Sistema Ribeirão das Lajes ainda no dia 22 de novembro. Durante a manutenção neste sistema, uma adutora se rompeu em Vila Kosmos afetando o abastecimento na Ilha. Antes mesmo da normalização do sistema após essas sucessivas paralisações, a Cedae já tinha programado a manutenção anual no Sistema Guandu, ocorrida no dia 26 de novembro. Novamente, o fornecimento foi interrompido. Desde então, mesmo com a Águas do Rio informando que o fornecimento de água normalizou, insulanos registram, com revolta, muitas áreas com serviço instável.
Moradora do Jardim Carioca, Eleonora Santos, está revoltada com toda essa situação. “A água quando chega é fraca e sem pressão. Tem que ligar bomba para jogar o mínimo de água pra cima. Está caindo um fiozinho de água e olhe lá. A situação na Rua Uruaçu, na parte do número 562, na esquina com a Rua Genebra, está pior. Não tem pressão. E sem água caindo direito há meses, imagina nessa situação de agora? A desculpa é sempre que estão em manutenção, mas a conta vem até mesmo sem entrar água. Difícil”, reclama.
O cenário também é preocupante na Praia da Bandeira, Bancários, Jardim Guanabara e Freguesia, onde ruas íngremes dificultam ainda mais a chegada da água. A dona de casa Maria Lúcia de Souza, 59, mora na Rua Professor Silva Campos, na Freguesia, e já está se virando como pode para garantir o abastecimento de sua casa. “Estamos sem água desde quinta passada. Um grande absurdo. Tem muitas pessoas idosas na rua e a situação está insustentável. Estou desesperada”, conta.
A situação só tende a piorar com a chegada do verão, quando o consumo de água aumentará devido ao calor intenso. A falta de planejamento e de medidas eficazes por parte da Águas do Rio é um motivo de grande preocupação.
O Procon Carioca, diante das constantes falhas no fornecimento de água, multou a Águas do Rio em mais de R$ 13,6 milhões no início de dezembro. Mas isso não resolve o problema dos insulanos, que seguem em busca de um pouco de água, em busca de dignidade.