Freguesia está com águas cristalinas

Há cerca de um mês os insulanos notam que às águas de algumas praias da região estão mais límpidas e aparentam maior transparência, fato que gera comentários e aguça a curiosidade nos moradores. No início de junho, um vídeo de uma moradora da Praia da Guanabara, na Freguesia, viralizou nas redes sociais narrando com surpresa a limpeza da água, que possibilitava ver os pés tocando a areia, o que não é comum às margens da Baía de Guanabara.

O jornal Ilha Notícias procurou diversos especialistas em busca de explicações para o que estaria ocasionando essa situação e se havia relação com as medidas de isolamento social que afastou muitas pessoas das praias. Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), órgão ligado à Secretaria de Estado de Ambiente e Sustentabilidade (Seas), essa coloração é comum no outono em função da seca e a menor incidência de chuva, associado às diretrizes de ondulação e maré, que ocasionam maior troca de água, além da redução acentuada do tráfego de embarcações na baía e no oceano.

O fenômeno, de acordo com especialista, se assemelha a maré sizígia, que produz ondulações oceânicas mais altas relativas ao nível médio do mar de acordo com o ciclo das luas. Para o ecologista Sérgio Ricardo, este é um processo natural, que promove uma espécie de autolavagem na Baía de Guanabara e aumenta a presença da biodiversidade marinha. Para a moradora da Freguesia, Beatriz Souza, que realiza caminhadas pela orla da praia da Guanabara, é especial contemplar uma água mais clara.

— Em um momento como esse de pandemia e isolamento social, começamos a dar mais valor a situações e fatos que passariam despercebidos por conta da rotina acentuada de um dia normal. A Baía de Guanabara é linda e para mim a água limpa é um sinal de que quer ser mais bem explorada — disse.

No caso específico da Praia da Guanabara, a coloração diferenciada da água pode também ser resultado das obras realizadas em 2013 pela Cedae e prefeitura que acabaram com as línguas negras na faixa de areia e consequentemente diminuiu a quantidade de esgoto despejada na baía. Na época, o insulano Wagner Victer era o presidente da Cedae e tocou o projeto de despoluição. “A eliminação destas línguas negras, através do programa Sena Lima, está tendo retorno, principalmente se comparado aos índices divulgados pelo Inea que comprova a grande redução de coliformes na Praia da Guanabara. Acredito que um próximo passo interessante para a Freguesia, seria o engordamento da faixa de areia”, explicou Victer.