06/06/2025 - Edição 2253
Na manhã do dia 21 de maio, moradores de diversos bairros da Ilha do Governador foram surpreendidos por um forte cheiro de gás. O episódio provocou apreensão entre os habitantes. Centenas de denúncias foram feitas por moradores nas redes sociais e o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e outros órgãos competentes foram acionados.
Muitos insulanos se queixaram de náuseas e ardência nos olhos. De acordo com os relatos, o cheiro teria se originado na Praia da Engenhoca, no Zumbi, local relativamente próximo à Moove e Shell, empresas do ramo de lubrificantes e que operam dois dos principais complexos industriais da região.
— O fato foi mais um episódio que tem sido recorrente na região. Corriqueiramente recebo relatos de moradores da Ribeira e do Zumbi que se queixam do cheiro forte de gás. Este último episódio foi o mais intenso, mas é um fato que já vinha sendo rotina — afirma o ambientalista Sérgio Ricardo, líder do Movimento Baía Viva.
A situação reacende o alerta para os riscos que cercam a Ilha do Governador e os impactos ambientais sofridos na região. De acordo com um levantamento publicado pelo Movimento Baía Viva, a Ilha concentra 33 das 92 áreas de riscos tecnológicos em todo o município do Rio de Janeiro. Em fevereiro deste ano, um galpão localizado nas instalações da Moove pegou fogo e provocou um incêndio de grande proporção no local.
— A forma com que esses complexos industriais operam na Ilha coloca os moradores em risco. Começando pelo fato de que são cerca de 200 caminhões circulando diariamente pela região transportando derivados de petróleo. Além disso, uma parte desses produtos são transportados por dutos que cortam a região por terra e deslocados por mar até a Reduc, em Duque de Caxias. E por fim, essas empresas estão instaladas ao lado de áreas residenciais. O decreto municipal 322, de 1976, estabelece que essas empresas estejam em áreas propriamente industriais — explica Sérgio Ricardo.
Entre as principais críticas de Sérgio Ricardo e do Movimento Baía Viva está a falta de atenção para possíveis acidentes ambientais que possam ocorrer na região e os riscos que isso traz à população.
Em nota, o Inea disse que realizou vistorias técnicas em quatro empresas da região, mas ainda não conseguiu esclarecer a origem do forte cheiro de gás.