07/06/2024 - Edição 2201
Insulanos que utilizam o transporte por aplicativo estão enfrentando um novo desafio na mobilidade da região. A suposta cobrança irregular de taxas para circular tem afastado motoristas de aplicativos como Uber e 99 da região, o que diminui a demanda de veículos à disposição dos moradores da Ilha e como consequência compromete a disponibilidade do transporte para o usuário.
Isso se deve aos métodos de proteção de segurança ao motorista ativado pelas empresas de transporte de aplicativo após 20 motoristas denunciarem, de acordo com a 37ªDP, que foram atraídos por falsas corridas e sequestrados por criminosos de uma comunidade da Ilha, onde ficaram por algumas horas e só foram liberados após pagamento de taxas via pix.
Diante disso, a maioria dos bairros da região estão classificados como área de risco nas plataformas de transporte. Até mesmo locais em que não há comunidade num raio de 4km por perto, como o Jardim Guanabara, Ribeira, Freguesia e Portuguesa, por exemplo. Um dos únicos bairros em que não aparece restrição é o Galeão, onde está localizado o Aeroporto Tom Jobim.
— Eu sou Uber e moro na Ilha. Nunca senti tanto medo de rodar na região que tanto amo. O que faço é evitar corridas com paradas, onde não conseguimos identificar qual o destino e não aceitar corridas que tenham como destino ruas próximas as comunidades. Eu, como conheço de ponta a ponta a Ilha, ainda rodo, pois sei onde estou andando. Mas e os colegas de fora? Realmente está um temor muito grande com essas ameaças — afirma um motorista que optou por não se identificar.
Nem mesmo a Estrada do Galeão, principal via da região, escapou da mancha vermelha dos aplicativos, que indicaram aos motoristas que o local é uma área de risco. Um advogado insulano, que não quis se identificar, disse que as corridas de retorno do Centro da cidade em direção a Ilha estão dinâmicas, termo utilizado pela plataforma para informar que a tarifa está mais cara do que o normal para este trecho.
— Ninguém quer aceitar corrida para a Ilha. Na terça-feira (4), fiquei de 16h até 16h35 até que alguém aceitasse a corrida. Num trajeto que pago R$ 50, fui obrigado a pagar quase R$ 80. E só consegui a corrida, porque moro no Jardim Guanabara, na altura da Majestosa, e o motorista era insulano e sabia que não corria riscos em me levar até minha casa. Está bastante complicado — disse o advogado.
Diante dos acontecimentos, a Polícia Militar está realizando desde segunda-feira (3) operações diárias em comunidades dos Bancários onde, segundo denúncias dos motoristas, foi o local em que ficaram presos por algumas horas. A 37ªDP conduz as investigações e já identificou sete pessoas que estariam supostamente ligadas a esse esquema de “cooperativas” controladas por traficantes e busca localizá-las.
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