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Feiras livres, uma tradição que resiste

Diante da crise, feirantes se reinventam para manter vendas


Por André Oliveira

26/07/2019 - Edição 1947

Os insulanos aproveitam as manhãs dos finais de semana para irem às feiras da região
Os insulanos aproveitam as manhãs dos finais de semana para irem às feiras da região

As feiras livres resistem e continuam com a preferência de muitos insulanos na busca por alimentos e produtos frescos. Os clientes de feiras são amigos dos feirantes e a confiança garante sempre boas mercadorias. As feiras do Jardim Guanabara, Ribeira e Cacuia, nas manhãs das sextas, sábados e domingos, respectivamente, são exemplos da presença descontraída de insulanos que aproveitam para encontrar amigos e atualizar o papo.

Para alguns insulanos, a tradição de semanalmente ir às feiras livres é uma oportunidade de sair de casa para aproveitar o clima descontraído, que foge do dia-dia habitual de ir ao trabalho e se estressar no trânsito. Para a insulana Maria Elizabeth, de 65 anos, frequentadora da feira do Cacuia, há três décadas, ir à feira hoje é mais do que comprar uma verdura ou fruta.

— Considero como uma paz de espírito. Se analisarmos friamente, os supermercados possuem até promoções mais em conta e com diversas opções na hora de pagar. Porém, mais do que qualquer diferença do valor, está a experiência de sentir esse ambiente descontraído, ter um convívio mais humanizado e, claro, comer um pastel com caldo de cana, que também já virou tradição — conta a insulana.

A boa relação entre clientes e feirantes ajuda nas vendas

A crise econômica afetou o faturamento dos feirantes e eles reclamam que já não vendem como antigamente. No entanto, por trás de barracas com frutas, legumes e hortaliças, existem feirantes como o Adilson Ferreira, que trabalha há 35 anos nas feiras da Ilha. Ele garante que o segredo é afastar o pessimismo e tentar se reinventar.

— As vendas estão difíceis, mas tento usar a persuasão para vender. Ou vendo tudo, ou saio rouco. Não tenho meio termo. Minha intenção é conquistar o cliente com a qualidade dos produtos e também oferecer um clima leve, engraçado e que levante o astral. O sorriso vai de brinde — diz Adilson, que aproveita a feira para brincar com a concorrência: “Qualquer verdura dois real, de dar inveja ao Mundial”.