15/05/2020 - Edição 1989
Diante da crise na saúde provocada pela pandemia do coronavírus, as feiras livres, após um período de seis dias com as atividades suspensas, voltaram a funcionar seguindo as recomendações de prevenção ao vírus.
A reportagem do Ilha Notícias esteve na feira livre do Cacuia no dia 19 de abril, três dias antes da suspensão determinada pela prefeitura, e o cenário era de pouco movimento e de muitas incertezas em relação às medidas de segurança. Nem todos, entre clientes e donos de barracas, usavam os equipamentos de proteção adequados ou respeitavam o distanciamento.
No último domingo, dia 10, a reportagem retornou à feira e observou uma mudança de atitude. Máscaras, detergentes e frascos de álcool gel se tornaram itens obrigatórios. Além disso, diversas barracas adotaram medidas especiais, como a colocação de plásticos e telas de PVC, além da separação de produtos em embalagens plásticas. Sem falar que o movimento era significativamente maior.
Apesar das novidades, alguns dizem que comerciantes sentiram o impacto da pandemia e registraram um forte prejuízo nos últimos meses. É o caso da feirante Ana Carolina Monteiro, que administra uma barraca de peixe. Ela conta que a queda inicial no movimento afetou diretamente o faturamento.
— Nossas vendas caíram cerca de 70% desde o início da pandemia. Ainda que o movimento cresça nos próximos meses, já considero que esse ano perdido — relata Ana Carolina, que apostou na divulgação em redes sociais para tentar amenizar o dano provocado e atrair novos clientes.
Quem também sentiu o duro golpe da pandemia nos negócios foram os vendedores de pastel, caldo de cana, tapioca, queijo, entre outros. Antes mesmo da suspensão determinada pela prefeitura, essas barracas já haviam sido proibidas de funcionar por cerca de um mês. “O retorno só foi possível após uma série de reivindicações feitas por nós comerciantes”, conta Tânia Higa, responsável pela barraca de pastel e caldo de cana.
Por outro lado, alguns comerciantes enxergaram novas possibilidades em meio à crise. Um exemplo disso é Neílton da Silva, dono da barraca de frango. Ele conta que investiu nas entregas à domicílio como forma de driblar a pandemia.
— A maioria dos produtos que estamos vendendo hoje são fruto do delivery. É o que garante a renda — afirma Neílton, que também relatou a boa receptividade do serviço oferecido. “Arrisco dizer que mesmo quando a pandemia acabar, muitos não vão mais querer saber mais de ir pra feira comprar frango. Vão preferir receber tudo em casa!”
Diante da crise, feirantes se reinventam para manter vendas