28/08/2020 - Edição 2004
Apesar das inúmeras transformações provocadas pelo ser humano, principalmente nas últimas décadas, o verde existente na Ilha do Governador ainda consegue resistir e se destacar no Rio de Janeiro, como uma das regiões com maior diversidade de plantas, árvores e uma relevante fauna, embora ameaçada de extinção. As áreas nos espaços da Aeronáutica, no Galeão; nos terrenos da Marinha, nos Bancários e no Bananal, além do Parque Marcello de Ipanema, do Bosque Caio Granado, no Jardim Guanabara e do Manguezal do Jequiá, apresentam biomas remanescentes de Mata Atlântica, que impulsionam a qualidade de vida local.
No início de agosto, os insulanos foram surpreendidos com a presença de um bicho-preguiça que apareceu aos arredores do Bosque Caio Granado e que estava inserido na fauna do local. Por estar próximo a uma área residencial, as autoridades optaram por levá-lo para um Parque Ecológico com maior fiscalização e garantir a proteção do animal. Moradores da região comentaram que foi a primeira vez que esta espécie de animal deu o ar da graça, mas que outros bichos já foram notados por eles.
— A verdade é que a natureza sempre nos surpreende. Moro próximo a esse local e já pude ver saguis, diferentes espécies de lagartos e até mesmo gambás durante a noite. Fiquei sabendo que este ano uma capivara foi atropelada por aqui, o que é uma pena. Mas isso só mostra a força da biodiversidade da região, que está bastante viva. Basta somente que tenhamos consciência, preservemos este local e que as autoridades, é claro, façam sua parte e os protejam — disse a moradora Solange Cruz.
A pandemia e a necessidade do isolamento social estão entre os fatores que contribuíram para que fosse possível notar a presença de animais no centro urbano, assim como a vida marinha na Baía de Guanabara. O manguezal do Jequiá, uma das maiores áreas de proteção da Cidade, é um exemplo disso, já que possui uma fauna bastante variada com moluscos, crustáceos e diversas aves, que fazem o local servir como desova e berçário para diversas espécies. Para o biólogo Mario Moscatelli, mais do que nunca, é preciso preservar tudo que a Ilha do Governador representa para a natureza carioca.
— Enquanto os problemas estruturais não são resolvidos a contento, quem paga o preço é a biodiversidade. O manguezal, por exemplo, sofre com lançamentos de resíduos oleosos que são fatais para o ecossistema e fazem sobrar apenas os animais e espécies que suportam a presença do ser humano. A questão do desmatamento desenfreado também precisa ser vista — avisa o biólogo.