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Colônia de Pescadores Z-10 faz cem anos

Comunidade preserva os costumes e moradores relembram os velhos tempos


20/11/2020 - Edição 2016

O píer nas margens do Rio Jequiá é um dos cartões postais
O píer nas margens do Rio Jequiá é um dos cartões postais

A Colônia de Pescadores Z-10 completou cem anos na terça (17). Fundada em 1920, o local, que inicialmente era chamado de Colônia Almirante Gomes Pereira, é considerada a primeira colônia de pescadores do Brasil. Hoje, a região abriga cerca de 5 mil habitantes e apesar de a comunidade atualmente não viver somente da pesca, buscam preservar a atividade que é tradicional.

De lá para cá, muita coisa mudou na Colônia Z-10. O local ganhou um comércio com bares, restaurantes, farmácia e lojas de roupas entre outras atividades. As casas estão cada vez maiores e mais numerosas. Apesar disso, a colônia ainda conserva um ar de cidadezinha interiorana e bucólica, simbolizada sobretudo pela ponte que a liga ao bairro da Ribeira e proximidade com o manguezal e o Rio Jequiá.

E esse clima de interior é extremamente valorizado por seus moradores. Thiago Caiçara, de 37 anos, é um dos pescadores mais jovens da colônia e morador há dez anos. Para ele, o fato de a colônia ser um lugar tranquilo e seguro é um grande atrativo que o fez fincar raízes na Z-10.

— O povo aqui é muito pacato. As pessoas gostam muito de ficar na rua conversando, jogando carteado, ouvindo música, jogando futebol no campo. Além disso, todo mundo aqui dentro se conhece. Esse clima que a Colônia Z-10 tem é muito bom e é único — conta Thiago, lembrando que a paisagem natural também foi um diferencial. “Aqui havia muito verde e a água era limpinha. Tinha até cavalo-marinho na água.”

A Z-10 é conhecida por ser a primeira colônia de pescadores do país

Ainda que essas características tenham se mantido ao longo dos cem anos, os moradores mais antigos recordam dos velhos tempos. Para o pescador Leandro Franco, 39 anos, que mora no local desde que nasceu, uma das melhores lembranças era a tradicional Festa Junina da Colônia Z-10, que hoje não existe mais. “As crianças brincavam no pau de sebo para ganhar brinquedos. Já os adultos faziam corrida de barco, valendo uma cerveja. A festa era muito legal e todo mundo se divertia”, lembra Leandro.

Um dos moradores mais antigos é o pescador Wilson Rodrigues, conhecido como Fakir, de 58 anos. Ele nasceu na Ilha de Paquetá e veio morar na Colônia Z-10 aos 13 anos. Fakir conta que uma das principais marcas registradas do local é a pesca artesanal e que a atividade resiste graças aos próprios pescadores.

— A nossa pesca é muito tradicional e é passada de pai para filho. Porém, é muito difícil manter essa atividade, porque com o tempo ela naturalmente se perde. A nossa maior luta hoje é preservar essa tradição, pois a pesca é o nosso maior patrimônio — afirma Fakir.