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Aumenta a quantidade de desabrigados que vivem nas calçadas

Comércio da Portuguesa é o que mais sofre com o problema social


10/07/2020 - Edição 1997

Comerciantes sofrem com a ocupação da frente das lojas que afasta clientes
Comerciantes sofrem com a ocupação da frente das lojas que afasta clientes

Nos últimos dias aumentou a quantidade de pessoas que se abriga embaixo de marquises e calçadas na Ilha do Governador, gerando preocupação para os pedestres e prejuízos para os comerciantes que já acumulam prejuízos diante da crise do coronavírus e agora convivem com uma quantidade maior de desconhecidos ocupando a frente das suas lojas.

De acordo com os órgãos de assistência social no município, a maioria dessas pessoas, em estado de vulnerabilidade social, foram trazidas pela própria prefeitura de outros bairros da cidade para o Stella Maris, órgão público que funciona no Galeão como unidade de reinserção social. Embora sejam bem assistidos no Stella Maris, inclusive com cinco refeições diárias e local para dormir, muitos preferem ficar pelas ruas da Ilha do Governador porque não gostam das regras do órgão e resolvem se abrigar junto a prédios comerciais, bancos e lojas, onde há maior movimento de pedestres para pedir esmolas. A Portuguesa é a região onde a maioria dessas pessoas prefere viver.

O grupo se instalou próximo a entrada do Centro Comercial Santa Cruz

— Quando a pessoa fica no canto dela, respeita o espaço do próximo, a gente lamenta demais pela situação que realmente é triste. Mas a questão é que algumas destas pessoas bebem, usam drogas e chegam a intimidar quem passa por aqui. Tenho percebido que idosos e mulheres tem evitado passar onde se agrupam. Eles pedem esmola e reclamam dos quem não dão – contou o aposentado João Fagundes, de 53 anos, morador do Jardim Guanabara.

Um local que foi tomado por um dos grupos é o da calçada do prédio comercial, localizado na esquina das ruas República Árabe da Síria e Cambaúba, onde funcionam diversas lojas e salas, inclusive com consultórios médicos e até um curso de idiomas, cuja maioria dos alunos é de crianças e jovens. De acordo com lojistas, cerca de oito deles vivem embaixo da marquise, junto à entrada do prédio e colados às vitrines das lojas. Um dos comerciantes das imediações, que preferiu não se identificar com medo de represálias, alertou para o constrangimento enfrentado pelos clientes e pede providências às autoridades.

O local é movimentado e preocupa os pedestres

— Eles estabeleceram o local como moradia e vão ficando durante todo o dia. Dificilmente saem para procurar uma forma de ganhar dinheiro. Não posso exigir que saiam daqui, mas o incômodo é grande. As autoridades até vem aqui de vez em quando, e os orientam a procurar outro local, ir para abrigos públicos, mas em questão de horas estão de volta. É uma situação complicadíssima — conta.

A Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informou ao Ilha Notícias que realiza constantemente ações na região e que busca conscientizar as pessoas em situação de rua a irem para um abrigo municipal.