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Arqueologia revela a história da Ilha

Professor Helton diz que antes dos índios, sambaquieiros habitaram a região


Por Nycolas Santana

09/10/2020 - Edição 2010

Artefatos encontrados ajudam a contar a história dos primeiros habitantes da Ilha
Artefatos encontrados ajudam a contar a história dos primeiros habitantes da Ilha

A Ilha do Governador é considerada um dos locais mais antigos do Rio de Janeiro. A região foi descoberta por navegantes portugueses em 1502 e fundada em 1567, após os descobridores junto com os índios Temiminós expulsarem franceses e índios Tamoios que haviam ocupado a Ilha. Uma boa parte dessa história não é só contada por livros e documentos, mas também por sítios arqueológicos localizados na região.

Sítios arqueológicos são áreas onde há evidências e vestígios de atividades humanas do passado em um determinado local. Atualmente a Ilha do Governador têm quatro sítios arqueológicos preservados, sendo um deles localizado no 3º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais, no Bancários; e outros na Estação Rádio da Marinha, na Ribeira; no Morro da Viúva, nas Pitangueiras; e no Aeroporto Internacional do Galeão.

Nesses locais é possível encontrar artefatos e restos das primeiras populações da Ilha do Governador. O professor Helton Guerra estuda a arqueologia insulana e conta que os materiais encontrados nos sítios arqueológicos ajudam a reescrever e desmistificar a história da região. É o caso da presença dos sambaquis, sítios formados por amontoados de conchas e mariscos que datam de antes mesmo da presença indígena na Ilha.

— Existe a ideia de que os primeiros habitantes da Ilha do Governador foram os índios: primeiro os Temiminós, em seguida os Tamoios. No entanto, pouca gente sabe que antes dos índios havia uma população de caçadores e coletores que habitava a região há 8 mil anos atrás, enquanto os índios chegaram aqui há 3 mil anos — explica Helton Guerra sobre os sambaquieiros na Ilha.

De acordo com estudos arqueológicos realizados na região, tanto os sambaquieiros quanto os índios costumavam ocupar mais as áreas litorâneas da Ilha. Com isso, era comum a presença desses povos em bairros como o Galeão, Ribeira, Zumbi e Pitangueiras. Entretanto, a urbanização e a ação humana fez com que muitos desses vestígios se perdessem com o tempo.

Apesar disso, Helton destaca que há bastante material interessante sobre os primeiros povos insulanos e que o conhecimento da história local deveria ser cultivada. “A nossa Ilha do Governador é muito rica. Ela tem uma história que não é só relevante para o Rio de Janeiro. Faz parte da história do Brasil e também do mundo. Precisamos dar mais valor a isso”.